O atraso de Romário no embarque da seleção brasileira para o Equador, no final da noite de domingo, causou constrangimento, irritou a comissão técnica e pôs em xeque a liderança do artilheiro no grupo comandado por Emerson Leão. Na viagem de quase 8 horas do Rio para Guayaquil, com escala em São Paulo, o jogador nem sequer cumprimentou o treinador e manteve-se o tempo todo isolado, num assento ao lado de uma janela do avião fretado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Durante todo o trajeto, Romário preferiu evitar o bate papo com os colegas da seleção e levantou-se apenas uma vez, para ir ao banheiro. Ele pediu sua refeição aos comissários de bordo depois que todos os passageiros já haviam sido atendidos e as luzes internas do Boeing estavam apagadas. Quando Leão embarcou, no Aeroporto de Guarulhos, fez questão de apertar as mãos dos atletas que vieram do Rio: Juninho Pernambucano, Edílson e Euller. Passou direto por Romário, que, de olhos fechados, parecia cochilar. Romário apresentou-se no Aeroporto Internacional Tom Jobim às 22h05 horas de domingo, cinco minutos após o horário previsto para a saída do vôo. Era visível o mal-estar do coordenador-técnico Antonio Lopes e o desconforto aumentava à medida que seus auxiliares, entre os quais o coronel Mauro Félix, tentavam um contato, via celular, com Romário. A mensagem do outro lado da linha acusava que o telefone estava desligado ou fora da área de alcance. O momento mais constrangedor ocorreu quando Lopes dava entrevista afirmando que Romário já estava no avião, numa tentativa de camuflar o incidente. No exato instante, o atacante surgiria no saguão do aeroporto, apreensivo e com o andar apressado. Lopes não quis comentar o assunto na viagem, mas suas feições deixavam claro a reprovação à atitude do jogador. Ao ser informado sobre o atraso, Leão também mostrou-se contrariado. O técnico vinha fazendo inúmeros elogios a Romário, por acreditar que o atacante do Vasco estava ?muito bem adaptado às novas regras da seleção?. O fato pode, no mínimo, esfriar as relações entre ambos. Ainda no Rio, Romário comentou, laconicamente, que atrasara por que tivera ?um probleminha.?