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Audiodescrição detalha partida da Copa do Mundo para cegos

Projeto é parceria da Fifa com a ONG Urece Esporte e Cultura para Cegos

Por Christian Carvalho da Cruz
Atualização:

Antes de perder totalmente a visão, aos 14 anos, vítima de glaucoma congênito, Wesley Coelho de Almeida, de 25, enxergava poucas cores e movimentos. Nesta segunda-feira, na Arena Corinthians para acompanhar Holanda e Chile (e pela primeira vez em um estádio), ele diz que "viu" como nunca. Wesley acompanhou o jogo por um sistema de audiodescrição usado pela primeira vez no Brasil graças a uma parceria da Fifa com a ONG Urece Esporte e Cultura para Cegos, do Rio. Antenas de rádio foram instaladas em quatro arenas brasileiras: São Paulo, Rio, Brasília e Belo Horizonte. Nos estádios, quem sintonizar o rádio ou um smartphone na frequência correta (88,7 FM em São Paulo) pode ouvir a descrição da partida por uma dupla de “narradores” da Urece treinados pela Fifa.

Com fones conectados a dois smartphones, Wesley ouviu a Rádio Jovem Pan por um ouvido e a descrição por outro. "No rádio vem a emoção da entonação do locutor, com a qual eu já estou acostumado. Mas a audiodescrição dá uma riqueza de detalhes única. Pela primeira vez pude comentar o jogo com as pessoas do meu lado."

Wesley perdeu a visão aos 14 anos de idade Foto: Christian Carvalho/Estadão

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"Não fazemos juízos de valor. Só descrevemos o que vemos, no campo e na torcida, da forma mais detalhada possível", explica Beatriz Bonfim, professora de Educação Física que dividia a audiodescrição com o jornalista Arnaldo Borges. 

"Adorei quando ela descreveu que um jogador chutou a bola para fora e um fotógrafo a cabeceou para as mãos do gandula", diz Wesley. Mas a maior emoção foi no primeiro tempo, a parte mais parada do jogo. Brasileiros na torcida resolveram animar com gritos de "Timão e-ô! Timão e-o!". Wesley, corintiano, se emocionou. E nem precisou da audiodescrição.

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