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Aurélio Miguel vai concorrer à presidência do São Paulo

Ex-judoca, de 43 anos, é o candidato da oposição e tentará derrubar Juvenal Juvêncio na eleição de abril

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Por Alfredo Luiz Filho
Atualização:

Um medalhista olímpico em Seul (88) e Atlanta (96) será o adversário de Juvenal Juvêncio, atual presidente do São Paulo, nas eleições do clube em abril. O ex-judoca Aurélio Miguel, de 43 anos, encabeça a chapa de oposição e terá a ingrata missão de desbancar o atual mandatário são-paulino, apontado por muitos como o favorito disparado à reeleição.   Vereador de São Paulo, Aurélio Miguel é conselheiro do clube desde 2004. Já fez parte da situação, mas mudou de lado depois que a diretoria acabou com o judô no clube - ele era o coordenador. Agora, tem a chance de voltar com tudo e por cima.   Jornal da Tarde - Como surgiu o convite e por que aceitou? Aurélio Miguel - Eu já havia sido sondado. No fim do ano, fizeram o convite e primeiro quis ouvir familiares, amigos e pessoas mais experientes que já dirigiram o São Paulo, como Bastos Neto, Pimenta, Marcelo Martinez, Paulo Amaral, Casal de Rey. Também deixei claro de que houvesse consenso para minha candidatura. A oposição do São Paulo é fiscalizadora, saudável. O maior mérito do São Paulo sempre foi a alternância de poder. A troca de dois em dois anos era fantástica. Em 20 anos, tivemos vários presidentes e todos deixaram suas marcas com títulos. Sempre foram vitoriosos, como o Pimenta, que ganhou duas Libertadores e dois Mundiais, em 92 e 93. Sempre fui a favor dessa alternância. Quando o poder se perpetua, em qualquer situação, tende-se a ter prejuízo. A pessoa chega com vontade e vai se acomodando.   Você reconhece que o futebol é o ponto alto do clube. E Juvenal Juvêncio, seu adversário, vem de uma seqüência de títulos importantes. Como fazer para derrubá-lo? Ninguém quer derrubar ninguém. Sou só uma opção. Um homem do esporte, sei como funciona os meandros do esporte. E sempre tem algo a melhorar. Aquele que acha que está tudo bem, corre o risco de entrar em decadência. Por isso que o São Paulo se mantém no topo, porque sempre quer mais. Mas quem é o atual diretor de futebol? Ninguém sabe, ninguém conhece. A atual gestão é centralizada. É preciso ter um boleiro, alguém que conheça, como, graças a Deus, é o Muricy Ramalho, nosso técnico. O judô por muito tempo ficou na mão dos Mamede, nós brigamos muito para acabar com isso e agora, com o Luis Shinohara como técnico - um ex-atleta - , o esporte cresceu e ganhou três ouros no último Mundial.   O que o São Paulo tem a melhorar? De agosto do ano passado até hoje, o São Paulo negociou 16, 17 atletas. É praticamente um plantel inteiro. Logicamente, que é necessário obter recursos para manter a estrutura, mas o ideal seria a permanência desses jogadores por mais tempo para criar uma identidade com o clube, para criarmos novos ídolos como é o Rogério Ceni. Quanto mais ídolos, melhor para o clube. Outras coisas também me preocupam. A mudança de estatuto ocorreu para beneficiar só a situação. Sou contra esse tipo de coisa. Pode tomar um caminho perigoso e acabar enfraquecendo a democracia. O mandato do presidente aumentou de dois para três anos. Só o tempo vai dizer se foi uma mudança positiva ou não. Mas a mudança só poderia passar a valer na próxima eleição. Aí sim, seria correto, sem beneficiar a si próprio. Quando eu era garoto, os associados mantinham o futebol. Hoje, as coisas se inverteram. Temos que buscar recursos para que a parte social seja auto-suficiente, sem depender do futebol. O São Paulo não deve para ninguém e a receita só tem aumentado nos últimos anos, mas as despesas também. É preciso ter muito cuidado, porque parece que é preciso gastar tudo o que ganha em uma só gestão. E não é assim que funciona. É preciso ter um fundo de reserva por precaução. Canja de galinha não faz mal a ninguém.   O clube pode virar uma ‘ditadura’? Pela história do São Paulo, não acredito. Mas tenho receios. O Chávez também mudou as coisas às vésperas de uma eleição na Venezuela. Tem pessoas que estão falando que o Morumbi só será sede do jogo de abertura da Copa do Mundo em 2014 se o Juvenal estiver no poder. Isso não existe. As pessoas passam e a instituição fica. Tenho uma boa relação com o Juvenal Juvêncio. O São Paulo só é grande porque tem uma oposição.

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