Auxiliar de Ceni no São Paulo, Michael Beale 'respira' futebol

Aos 36 anos, inglês deixa Liverpool para trabalhar até 12 horas por dia em São Paulo: 'Vamos mudar o rumo do clube'

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Por Paulo Favero
Atualização:

Michael Beale não era conhecido no Brasil até ser convidado por Rogério Ceni para ser seu auxiliar no São Paulo. O inglês decidiu trocar o Liverpool, onde era técnico do time sub-23, para assumir uma missão na América do Sul e ajudar na formação da equipe e dos jovens brasileiros. Aos 36 anos, vai com Ceni até o final para só depois tentar uma carreira solo no esporte.

“Eu vou me manter fiel ao Rogério até o fim dessa aventura, o quanto ela durar. Vamos estar juntos nessa empreitada e quero auxiliá-lo da melhor maneira possível, ajudando-o e também ao São Paulo. Queremos mudar o rumo que o clube tomou nos últimos dois ou três anos, fazendo com que a torcida fique mais feliz e tenha mais esperança. Depois desse projeto, vou trabalhar por conta própria e tentar meu próprio caminho como técnico”, revelou o inglês, em entrevista exclusiva ao Estado.

Michael Beale deixou o Liverpool para trabalhar no São Paulo Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Beale parece ter o mesmo ritmo que Ceni, um ex-goleiro obstinado que virou técnico nos mesmos moldes. Ambos trabalham mais de 12 horas por dia pensando exclusivamente no futebol. Preparam os treinamentos e pensam em como integrar os melhores jogadores jovens de Cotia ao time profissional. A dedicação é gigantesca, mas Beale não vê o trabalho como algo chato ou complicado.

“Todo dia trabalhamos dez, 12 horas no CT da Barra Funda. Mas nosso trabalho é legal e prazeroso. Gostamos muito do que fazemos. E, afinal, o que mais poderíamos fazer se não estivéssemos no futebol?”, diz. “Rogério dedicou sua vida inteira ao futebol, e eu também. Não somos pessoas que você vai ver em casa, na praia ou na piscina. Não é o que fazemos. Estar no CT, nos jogos da equipe, assistindo aos vídeos do time e dos adversários, é o que gostamos de fazer. Não vemos isso como apenas trabalho”, explicou.

Para ele, o Brasil tem jogadores extraordinários, mas o calendário apertado com excesso de partidas prejudica as equipes. Beale está sentindo essa dificuldades na pele, pois a maratona de jogos do São Paulo diminui o tempo para treinamentos. “O Brasil tem jogadores inacreditáveis, jovens que podem melhorar suas tomadas de decisões, como na Inglaterra, Espanha ou França. Acho que o maior problema é que aqui o calendário é muito difícil para os treinadores, pois você joga a cada três dias e seus atletas estão muitas vezes cansados”, disse.

Beale ouve atentamente as orientações e explicações do treinador e amigo Rogério Ceni Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Michael Beale também compartilha da visão de futebol que Ceni tem e está ajudando a implantar isso no São Paulo. “Queremos um time agressivo, que pressione, que ataque o tempo todo e que controle a posse de bola. Enfrentamos adversários muito bons e às vezes o time ficou um pouco distante do que pensamos. Queremos, acima de tudo, que os jogadores sejam criativos e livres para atacar. O que queremos é fazer com que os jogadores venham trabalhar felizes todos os dias. Não é tão fácil ser um jogador de futebol como as pessoas imaginam.”

Aos poucos, o auxiliar de Rogério Ceni está aprendendo português e já até se vira bem numa conversa a dois. Desde que chegou, ele ganhou alguns quilos a mais e acha graça nisso. “Eu tenho um problema com comida e adoro sorvete. Mas quis copiar o Pintado, nós temos o mesmo corpo agora”, brincou. Para ele, sua “aventura” no Brasil está sendo ótima. “Eu prefiro o clima daqui do que o de Liverpool. É como um feriado para mim e minha família. É muito importante que estejamos felizes, mesmo longe de parentes e amigos, e as pessoas têm sido muito legais com a gente no Brasil. Estou muito agradecido por isso”, confessou. “Tudo está indo tão bem quanto poderia imaginar. Tanto os jogadores quanto os profissionais do clube estão sendo muito bons comigo. Minha família está feliz em São Paulo.”

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