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?Bancada da bola? articula e se dá mal

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Por Agencia Estado
Atualização:

A tropa de choque da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) comemorava a vitória nesta quarta-feira na reunião da CPI do Futebol do Senado quando levou um gol, de contra-ataque, nos últimos minutos da sessão. Os senadores que apóiam a atual cúpula do futebol brasileiro, liderados por Maguito Vilela (PMDB-GO), Gilvam Borges (PMDB-AP) e Gerson Camata (PMDB-ES), aprovaram um requerimento encerrando todas as convocações de depoentes na CPI até o final do ano. Só que o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PDT-PR), anunciou o depoimento do contador da CBF, Oswaldo Ferreira, para o dia 8 de novembro. "Está errado. Nós acabamos de aprovar um requerimento, por unanimidade, impedindo a convocação de qualquer pessoa até o final do ano", bradou Gilvam. "Sim, senador, mas a lei não retroage e a aprovação da convocação de Osvaldo Ferreira aconteceu em abril", arrematou Dias. A jogada desarticulou a bancada da CBF, que deixou o plenário da comissão indignada. "Isso é uma molecagem", protestou Gilvam, observando que tinham permanecido na sessão por quatro horas discutindo uma questão que já estava decidida. O anúncio da convocação de Ferreira deu um gosto de gol nos acréscimos para a presidência da CPI. Uma vez aprovada no início do ano, bastava enviar uma carta para os gabinentes informando sobre o depoimento do contador. Dias reconheceu que a presença nesta quarta-feira de senadores que pouco ou nunca compareceram às reuniões da CPI, com posições tão claramente favoráveis à CBF, é um sinal de que a votação do relatório final da comissão será uma guerra. "Teremos uma discussão bastante interessante, mas tenho fé que o relatório será aprovado". Bancada da bola - A reunião da CPI marcada para esta quarta-feira previa o depoimento do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Amparado por um atestado médico, ele não compareceu ao depoimento. Pela primeira vez em muito tempo, o plenário estava repleto, com a presença maciça de parlamentares ligados à cúpula da CBF. Sentada na primeira fileira, os oito parlamentares, muitos dos quais nem integram a CPI, começaram a questionar diversos pontos. A primeira divergência ocorreu quando Álvaro Dias defendeu a renúncia coletiva da direção da CBF, como uma forma de moralizar o futebol brasileiro. "Isso é um pré-julgamento absurdo", contrapôs Gilvam. A discussão esquentou quando o relator Geraldo Althoff (PFL-SC) afirmou que era importante convocar outros integrantes da diretoria da CBF para prestar esclarecimentos sobre a entidade. "Nós temos um relatório sobre a confederação, repleto de documentos, que já somam quase duas mil páginas. É fundamental convocar alguém para clarear vários pontos". Imediatamente, Maguito reagiu. "O senhor relator já convocou o presidente da CBF, ele não quis vir." Na opinião do senador, só valeria chamar mais alguém se Dias não estivesse satisfeito com os documentos levantados. O senador Gérson Camata (PMDB-ES) aproveitou para lembrar que havia apresentado um requerimento de uma agenda positiva, convocando algumas pessoas consideradas importantes por ele. O pedido teve adesão de praticamente todos os integrantes da CPI, mas a presidência da comissão desconsiderou tudo. "É uma mágoa que vou carregar desta comissão". E deu o sinal verde para a insurreição da bancada da bola. ?Com meu voto, ninguém mais será convocado para esta CPI. E peço que os outros senadores também façam o mesmo?.

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