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'Bando de loucos' some, e Corinthians vê público despencar

Apesar de boa presença, arena sofre com queda de público nas últimas partidas

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Por Ciro Campos
Atualização:

A torcida conhecida como "o bando de loucos" anda mais comedida ultimamente. Antes apoiadores incondicionais, os corintianos parecem vivenciar um esfriamento da relação com a equipe, fenômeno capaz de nos últimos 40 dias ter provocado três quebras negativas de recorde de público na nova arena nos jogos do time.

Se a presença no estádio em Itaquera está em queda, a postura calorosa dos antes fanáticos corintianos acompanha a tendência. Prova disso foi dada na quarta-feira, na vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, pela Copa do Brasil, quando os jogadores manifestaram sua decepção com vaias pela entrada do volante Willians.

Corinthians convive com queda de presença de torcida no estádio em Itaquera Foto: Márcio Fernandes/Estadão

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No segundo tempo, quando o técnico Fábio Carille optou pela troca, o jogador levantou, foi à beira do gramado e ouviu o descontentamento do público. O treinador adiou a mudança e a torcida comemorou ao ver que Willians voltou para se sentar no banco de reservas.

"Fiquei chateado. Mas isso não pode me abalar. Tenho de esquecer. Eu fui contratado porque eu tenho qualidade e todo mundo sabe do meu potencial", afirmou o volante, que teve a substituição concretizada minutos depois, ao entrar no lugar do meia Rodriguinho. O gerente de futebol, Alessandro, criticou o comportamento. "Uma pequena parte da torcida está impaciente, abrindo mão de torcer até o último minuto", comentou.

O episódio marcou a noite com o menor público da história do Itaquerão, com 18,7 mil pessoas. O recorde negativo anterior foi estabelecido no domingo passado, com 18,8 mil na derrota para o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro.

Arena Corinthians tem vivenciado quebras de recordes negativos de público Foto: Arte/Estadão

Os dois jogos foram realizados sob condições excepcionais, com parte do estádio interditado. Punido por confusões entre torcedores organizados e a polícia no clássico com o Palmeiras, o Corinthians não pôde receber público no setor norte no domingo, mas conseguiu na Justiça afrouxar a restrição para enfrentar o Cruzeiro na quarta, ao liberar metade da área anteriormente proibida.

A medida não evitou que um público inferior ao do jogo com o Fluminense comparecesse ao estádio na quarta. As duas últimas partidas foram as primeiras em Itaquera a ter menos de 20 mil torcedores desde a inauguração da arena, em 2014.

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Os cinco menores públicos do Corinthians na nova arena foram nesta temporada. A sobreposição de recordes começou contra a Ponte Preta, pelo Campeonato Paulista. No segundo semestre a queda continuou, com a quebra dos índices negativos nos encontros com o Vitória e Fluminense pelo Campeonato Brasileiro. Por fim, a fraca presença contra o Cruzeiro superou as demais.

CAUSAS

A diretoria compreende que a aparição na arena não está tão maciça pelo momento do time. As negociações e empréstimos fizeram 20 jogadores deixar o clube nesta temporada. O mês de setembro, com seis jogos da equipe em casa, também contribuiu para a diminuição da presença.

O enfraquecimento contou com a saída do técnico Tite para dirigir a seleção brasileira, a aposta de três meses em Cristóvão Borges como substituto e o reflexo na tabela do Campeonato Brasileiro. São quatro rodadas sem vitória e a perda de lugar no G-4.

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Aliás, das quatro menores bilheterias da história, três foram exatamente nas partidas mais recentes. A diminuição da presença coincidiu com a sequência da derrota para o Palmeiras por 2 a 0 no clássico, resultado que encerrou a invencibilidade de 34 jogos e mais de um ano no Itaquerão.

Dias depois, o presidente do clube, Roberto de Andrade, admitiu que a torcida estava com um comportamento frio e abaixo do esperado. "As pessoas às vezes vão ao jogo e se manifestam menos. Isso para mim é um abandono. Estamos acostumados a ver uma multidão gritando os 90 minutos", criticou.

Em setembro o clube recebeu uma média de 24,5 mil torcedores por partida em Itaquera, número bem inferir ao índice de 38 mil registrado em abril, durante a disputa da Copa Libertadores.

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Apesar disso, a quantidade de torcedores está acima da média do Campeonato Brasileiro, que é de 14,5 mil por partida. Na competição, o líder de público é o Palmeiras, seguido justamente pelo Corinthians.

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