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Barueri desponta no futebol paulista

Por Agencia Estado
Atualização:

O outdoor na saída 26 A da rodovia Castelo Branco informa: "G.R. Barueri, uma caminhada de vitórias." A placa na entrada da cidade da Grande São Paulo exibe o atual orgulho dos moradores. Com quatro anos de profissionalização, o Grêmio Barueri, seguindo os moldes do São Caetano, garantiu quatro acessos seguidos, subindo da Série B3 para a Série A2 do Campeonato Paulista (ou seja, da 6ª para a 2ª divisão). "E com todo respeito às demais agremiações, em junho de 2006 estaremos comemorando a classificação para a primeira divisão", afirma o presidente do clube, Walter J. Sanches. "E não subiremos para cair no ano seguinte. É para dar samba nos times grandes", completa o prefeito Rubens Furlan, santista apaixonado por futebol e grande investidor do time. No seu gabinete guarda camisa do Santos, com dedicatória de Pelé. "Minha relíquia." O projeto começou em 2001. Num pensamento de tirar o nome da cidade de escândalos. Precisamente após o Roma conquistar o título da Copa São Paulo de Juniores em cima do São Paulo. A equipe foi acusada de utilizar jogadores com idade adulterada - o caso Itabuna - e virou alvo de investigação na CPI da Nike. "Fomos vítimas de um empresário (João Wilson Antonini, que hoje dirige o Roma Apucarana, no Paraná). Ele montou a equipe, trouxe dirigentes, atletas e...", lamenta Walter Sanches. "Após o episódio, vimos que ter carreira própria era possível e iniciamos." No dia 3 de abril daquele ano, após convite para disputar a Série B3, era profissionalizado o Grêmio Recreativo Barueri. Poucos dias depois, o time dava seus primeiros passos. No ano da adaptação, um modesto 14º lugar. Até preparação detalhada, pré-temporadas longas, de quase 100 dias e o primeiro acesso, em 2002, com o quarto lugar. Daí para frente, só festa na cidade. Em 2003, vice-campeão na B2. No ano seguinte, terceiro da B1. E, domingo passado, campeão da A3 com folha de pagamento de R$ 48 mil. Apesar de passos parecidos, comparações ao São Caetano são proibidas no clube. Dizem que a única semelhança foi na trajetória de acessos e nada mais. "Não acredito no São Caetano. É Samuel Klein Futebol Clube", acusa Walter, referindo-se ao dono das Casas Bahia, que, segundo ele, é quem banca o clube do ABC. "Nosso processo é bastante diferente, eles não têm nem trabalho de base e nós só existimos graças à prefeitura e a nossas escolinhas." No time de Barueri, reforços surgem apenas a custo zero. Ou sobem das categorias inferiores ou são contratados quando terminam seus vínculos em outras equipes e estão com passe livre. O clube tem olheiros espalhados pelo Estado. Assim aconteceu com a contratação dos nove reforços para a Copa Federação Paulista de Futebol, na qual estréia dia 17 diante do São Paulo B, e para a Série A2 de 2006: Xizo (XV de Jaú), Ferrante (Palmeiras B), Anderson (Mirassol), Alan Júnior (São José), Ricardo Freitas (Taubaté), Nilton (Nacional), Andrei (ECO), Alex (Flamengo de Guarulhos) e Marcinho (São Paulo). E no clube a diretoria manda mesmo. Após sofrerem em 2004 com time montado exclusivamente pelo treinador - fizeram campanha de altos e baixos e subiram sob o comando de seu 4º técnico - reforços só vêm após consenso com os dirigentes. "O treinador é passageiro, nossa infra-estrutura, não. Ele faz a lista de atletas que lhe interessa e nós mostramos a nossa. Quem não agrada não vem", garante Walter Sanchez. Parcerias também ajudam para reverter fundos. E são muitas, com Flamengo, Fluminense, Palmeiras (sempre com 60% do Barueri). Só nesta temporada o clube negociou seu primeiro atleta: terça-feira o meia Ivan acertou, por ironia, com o São Caetano, por R$ 170 mil. O segredo para o Barueri sobreviver "num futebol confuso e desorganizado" é não fazer loucuras e seguir o planejamento, diagnostica Walter Sanchez. "Vivemos dentro da realidade, nada de achar que podemos pagar R$ 5, 6, 7 mil." Na Série A2, a expectativa é de folha de pagamento entre R$ 100 mil e R$ 120 mil, com salários de até R$ 4 mil. Este ano era até R$ 2,2 mil. Todos os jogadores mantidos foram premiados com 50% de aumento salarial. Outro incentivo: o Barueri é um dos poucos que ainda pagam o famoso ?bicho?: R$ 200,00 por vitórias e R$ 100,00 por empate. E o acesso valeu R$ 2.000,00. Além de estrutura de dar inveja a clube grande: alojamentos novos, alimentação, transporte, psicóloga, fisioterapeuta, sala de musculação e convênio médico.

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