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Bateu na trave!

colunista convidado
Por Antero Greco
Atualização:

Durante os 120 minutos de bola espancada no Mineirão, fora os pênaltis, diversas vezes me veio em mente um dos mantras preferidos pela turma da teoria da conspiração: "A Copa está comprada!" Como se tudo estivesse ajeitado para Felipão e turma fazerem a festa do hexa.Mas, a cada furada brasileira, em qualquer dividida, no lance de gol anulado de Hulk, pensava como se apreciam cretinices do gênero. A seleção segue no caminho da vitória, mas como foi difícil passar pelos chilenos. Só nos pênaltis, só com Julio Cesar, só no sufoco! Juro, porém, que tive certeza de que o sofrimento valeria a pena quando Pinilla chutou no travessão, aos 14 do segundo tempo da prorrogação, a bola que tiraria o Brasil da Copa. Deu certo e, pra reforçar, o último pênalti também bateu na trave! Convidados trapalhões. Talvez não tenha acontecido com você - e tomara que não, mesmo. Porém existe uma situação da qual certamente conhece histórias semelhantes ou já ouviu falar. Sabe o sujeito que vai a uma festa convidado meio a contragosto? Visita indesejada, mas cuja presença é inevitável, caso contrário fica chato para o anfitrião? Chega, recebe pouca atenção, fica zanzando. E, sem que se perceba, é das que mais se divertem, para desconforto das demais? Pois é o que ocorre com Costa Rica e Grécia. Ninguém imaginou que viessem para ter papel de protagonistas. Quem afirmar o contrário banca o hipócrita. Na verdade, nem se apostava muito na possibilidade de superarem as Eliminatórias. No entanto, deixaram rivais para trás e se apresentaram aqui com a cara e a coragem, para ver que bicho ia dar. Como franco-atiradoras, se safaram das armadilhas da fase inicial. A Costa Rica estava no "grupo da morte" e saiu vivinha da silva ao complicar a vida de Itália, Uruguai e Inglaterra. Os gregos se enfiaram numa chave meia-boca e, ao lado da Colômbia, superaram Japão e Costa do Marfim. Resultado disso? Medem forças hoje em Recife, e uma das duas chegará às quartas de final. Seja qual for a premiada, terá cumprido a melhor trajetória da respectiva história - modesta - em Mundiais. Um dos aspectos notáveis da competição, como já aconteceu com Chile (em 1962, semifinalista na condição de anfitrião), com Camarões (em 1990), Coreia (semifinalista em 2002, em casa). Bom deixar claro que, se isso se confirmar, não haverá demérito algum. Não tiveram ajuda de árbitros, não despontavam bem cotadas em avaliações preliminares em bolsas de apostas. Enfim, estavam com a bola bem murcha e superaram adversidades. Os costa-riquenhos, pela condição de coadjuvantes na região da Concacaf (embora tivessem participado de Itália/90 e Alemanha/06) e os gregos como azarões na Europa, mesmo com o título continental conquistado em 2004, na final em Portugal, contra os anfitriões, então sob o comando de Felipão. Para elas a farra está ótima, e continuará assim, ao menos até o meio da semana.

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