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Batismo

Carille e Eduardo passam pela maior prova na primeira vez em que duelam no dérbi

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Por Antero Greco
Atualização:

Fabio Carille e Eduardo Baptista andam com ar preocupado, cara assustada. Ambos se deram conta, nas primeiras semanas de bola a rolar em 2017, do tamanho da responsabilidade de comandar Corinthians e Palmeiras. Duas vitrines imensas, ideais para se firmarem como técnicos de ponta. Se as fizerem brilhar, estarão com o caminho do sucesso escancarado. Se as quebrarem, entrarão em parafuso. Não se encara de graça tal desafio. A dupla de novatos passa esta noite pelo batismo na profissão no monumental estádio de Itaquera. O dérbi, às vésperas de completar o centenário, servirá aos aspirantes a professores como teste de fogo. Se houver vencedor – e de preferência com o respectivo time a jogar bem –, este ganhará salvo-conduto para seguir o trabalho sem sobressaltos por algumas semanas. O perdedor ouvirá cornetas ensurdecedoras.  Não cravo queda de ninguém, salvo se ocorrer um desastre daqueles. Aparentemente não há clima, ainda, para despejo, tanto num Parque quanto noutro. Mas é inegável o poder do clássico de influenciar humores. Carille e Eduardo sabem disso – e, se não sabem, bom se informarem logo. Corinthians x Palmeiras não é para principiantes; trata-se de coisa muito séria. A busca por formação ideal e equilíbrio continua. O alvinegro Carille tem mexido mais do que o rival. No final de semana, alterou quatro posições – cinco, com a presença de Romero –, sobretudo do meio para a frente. O elenco que a direção lhe colocou à disposição não contém a fina flor do futebol; está aquém da história recente do clube.  A limitação nas alternativas aumenta o desafio de Carille, e como complicadores adicionais há o ambiente político esquentado e a desconfiança dos torcedores. (Ontem, mais de mil foram ao treino.) Tenta se virar. Começou com o esquema consagrado por Tite, o 4-1-4-1. Mudou diante do Audax e deve alterar para esta quarta. Gabriel não será o "1" na proteção à defesa, já que terá Maycon para ajudá-lo. Fellipe Bastos sai e o quarteto vira trio, com Romero, Rodriguinho e Marlone. Na frente, Kazim toma a vaga de Jô, embora nenhum dos dois seja fora de série. O alviverde Eduardo tem espectro mais amplo de escolha, apesar das baixas prolongadas de Tchê Tchê e Moisés, dois pilares do meio-campo campeão brasileiro e abatidos por contusão. Há como fazer escolhas que não afetem o desempenho. Michel Bastos e Raphael Veiga, bem nos 4 a 0 sobre o Linense, ganham a dianteira em busca de vaga como titulares. Ao lado deles, ficam Dudu e Guerra. Como também flerta com o 4-1-4-1, há Felipe Mello na frente da defesa e Willian de novo no ataque. Borja entrará, talvez ainda no Paulista, seguramente na Libertadores e no Brasileiro. As zagas não provocam dores de cabeças em nenhum dos lados.  Nem sempre estatísticas servem para algo prático; na pior das hipóteses, porém, ajudam em conversas de botequim. E não falta tema para bate-papos. O Palmeiras costuma se dar bem no novo campo corintiano, com duas vitórias em tempo normal e uma classificação nos pênaltis. Não é lei, nem tendência, muito menos verdade absoluta. Mas ajuda a apimentar o encontro. E como! Pena que um jogo com tanta história, com tradição de agitar a cidade, ainda uma vez seja realizado com torcida única. Cadê a graça de zoar com o adversário? Na verdade, há muito se luta para tornar o futebol paulista macambúzio e reprimido. 

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