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BID só causou confusão desde sua criação

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Por Agencia Estado
Atualização:

Desde sua criação em 2 de dezembro de 2002, o Boletim Informativo Diário (BID) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem servido de álibi para vários clubes entrarem no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) tanto para benefício próprio quanto para prejudicar outras equipes. Somente nas duas primeiras rodadas da série A do Campeonato Brasileiro deste ano, o documento formulado a pedido do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, já desencadeou duas causas jurídicas, tirando a disputa dos gramados e a levando para o ?tapetão?. Sob a alegação de que o BID daria mais transparência às ações envolvendo as contratações, vendas, renovações e registros dos contratos de jogadores, o Departamento de Registro e Transferência da CBF instituiu a obrigatoriedade de os nomes dos atletas constarem no documento para que estejam aptos a atuar por clubes. Com isso, tanto as agremiações como torcedores poderiam verificar a situação dos atletas e fiscalizar possíveis irregularidades. Só que desde sua criação, o BID tem originado uma série de confusões, ora provocadas pela CBF, ora pela falta de atenção dos clubes, que insistem em ignorar o documento e não conferir a presença dos nomes de seus atletas. Já na primeira rodada do Brasileiro, o Coritiba escalou o meia Ataliba e, por isso, corre o risco de perder seis pontos no STJD. A irregularidade é punida pelo Artigo nº 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): "incluir um atleta que não tenha condição legal de participar de partida, prova ou equivalente, acarretará a perda do dobro do número de pontos previstos no regulamento da competição para o caso de vitória. E multa de R$ 5 mil a R$ 15 mil." No caso do Coritiba, o nome de Ataliba não apareceu no "BID Especial", publicado de acordo com o capítulo III, art. 7º, parágrafo 2º, do regulamento do Brasileiro deste ano, e, por isso, o atleta foi escalado irregularmente na vitória sobre o Guarani, por 1 a 0. O problema foi que para a CBF o contrato do atleta se encerrou no dia 31/12/2003, mas o time paranaense alegou que ao emprestá-lo no ano passado para o Sport, um documento foi enviado à entidade prorrogando o compromisso por mais um ano. "A CBF disse que não recebeu o aditamento do contrato mas, ontem fiquei aqui até tarde da noite elaborando nossa defesa para regularizarmos o Ataliba", disse o advogado do Coritiba, Domingos Moro, ao deixar a sede da CBF nesta quarta-feira. "Em um exame superficial, o doutor Valed (Perry, assessor jurídico da CBF) expressou a injustiça que poderia ser cometida contra o Coritiba se formos punidos e a absoluta inocência do clube." Se no caso do Coritiba ficará caracterizada a falta de atenção dos dirigentes do clube que não conferiram a situação contratual de Ataliba, o Atlético-PR também pode ser punido no STJD por culpa da CBF. O nome do goleiro Diego, do Atlético, também não configurou no "BID Especial", mas a regularização de sua transferência foi publicada no documento de 20/02/2003, mostrando que seu contrato tem validade até 31/12/2006. A Agência Estado apurou que, para tentar isentar o Atlético-PR de culpa, a CBF alegará que houve uma falha técnica no processamento dos computadores, que não listou o nome de Diego entre os atletas com condição de atuar. Procurado pela reportagem, o diretor do Departamento Técnico e Transferência, Luiz Gustavo, não aceitou dar explicações. Nesta quarta-feira, o Departamento Técnico da CBF enviou ao STJD um ofício com a informação de que o Coritiba escalou irregularmente Ataliba e, nos próximos dias, o mesmo deverá ocorrer com Diego. "No caso do atleta do Atlético-PR sabemos que o erro foi da entidade e que ele está regularizado. Mas também vamos comunicar ao tribunal porque podem falar que estamos protegendo alguém", contou um dos funcionários da entidade, que preferiu o anonimato. E enquanto clubes e CBF continuarem se atrapalhando com o BID, várias situações inusitadas podem ocorrer. Por exemplo, o Internacional-RS aparece no "BID Especial" com uma relação de 81 jogadores, dentre eles, o do atacante Mahicon Librelato, morto em novembro de 2003, vítima de um acidente automobilístico. "Isso ocorre porque o clube não atualiza a situação dos atletas no Departamento de Registro. Nós não podemos fazer nada. Não podemos mexer nos documentos de um jogador. Cabe aos clubes comunicar se ele morreu, se parou de jogar ou aposentou", disse o funcionário da CBF.

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