Bilionário búlgaro ajuda brasileiros a virarem estrelas na seleção do país de Stoichkov

Investimento no Ludogorets Razgrad transforma o clube em potência e abre espaço para jogadores naturalizados

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Por Ciro Campos
4 min de leitura

O empresário búlgaro Kiril Domuschiev estava satisfeito com a fortuna bilionária acumulada pelos negócios na indústria farmacêutica em 2010 quando resolveu atuar em outro ramo. A escolha dele foi comprar na época um pequeno time de futebol, o Ludogorets Razgrad, e buscar jogadores brasileiros para montar a equipe. A aposta deu tão certo que nove anos depois o clube ganhou oito campeonatos consecutivos, domina o cenário local e até mesmo levou a seleção do país a contar atualmente dois brasileiros naturalizados graças ao magnata.

O meia Wanderson e o atacante Marcelinho foram titulares no último sábado em jogo contra a Inglaterra, pelas Eliminatórias da Eurocopa. Os dois deixaram anos atrás o futebol brasileiro atraídos pela oportunidade na Bulgária e se consolidaram como astros locais. O bom desempenho da dupla levou o próprio dono do time cuidar dos documentos da naturalização e abrir chance para a seleção búlgara contar com os brasileiros.

Seleção da Bulgária entrou em campo no último jogo com dois brasileiros como titulares Foto: Ben Stansall/AFP

No distante país do Leste Europeu, marcado no futebol pelo sucesso na Copa de 1994 e pelo ex-craque Hristo Stoichkov, a lista de brasileiros em campo pela seleção deve aumentar. Somente no Ludogorets são mais três brasileiros no elenco. "O clube pretende naturalizar também os outros brasileiros, para abrir espaço no time para a contratação de mais estrangeiros. As pessoas na seleção gostam muito da gente e reconhecem nosso potencial", disse Wanderson ao Estado.

Wanderson se destacou no Ludogorets e passou a defender também a seleção da Bulgária Foto: Arquivo Pessoal/Wanderson

A relação entre brasileiros e búlgaros começou pela fixação de Domuschiev em revolucionar o Ludogorets. O time jamais havia disputado a primeira divisão do país e foi comprado em 2010 por um valor baixo, cerca de R$ 120 mil. Apaixonado pelo futebol espanhol, o dono quis desenvolver na equipe um estilo de jogo mais técnico e buscou jogadores brasileiros para concretizar o objetivo. "Nossa ambição é jogar bonito e fazer a torcida apreciar o futebol", disse em entrevista ao site oficial do clube.

Kiril Domuschiev é o dono do Ludogorets Razgrad Foto: Divulgação/Ludogorets Razgrad

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Desde o começo do investimento do magnata, o time ganhou 15 títulos, disputou a Liga dos Campeões e se tornou uma filial tupiniquim na Bulgária. O elenco já teve como técnico ano passado Paulo Autuori e chegou a ter dez brasileiros no elenco. "O dono gosta do futebol brasileiro, da qualidade, do drible e da personalidade. Ele sempre busca mais jogadores brasileiros para reforçar nosso time", disse Marcelinho, presente em convocações da seleção desde 2016.

Marcelinho defende a Bulgária desde 2016 Foto: Ben Santsall/AFP

Mesmo sem ter atuado pelo Ludogorets, quem viu toda a construção do clube foi o ex-meia Marquinhos. O campineiro de 37 anos defendeu a seleção búlgara de 2011 a 2014 e morou nove anos no país. "O dono é visionário. Construiu estádio, buscou patrocinadores e graças à presença dos brasileiros, mudou muito o futebol de lá", explicou.

Stoichkov é o maior nome da história do futebol búlgaro Foto: Stoyan Nenov/Reuters

Para defenderem a Bulgária, os brasileiros do Ludogorets não sofrem tanto com burocracia. Marcelinho e Wanderson contam que a diretoria do clube se encarrega de resolver a documentação e costuma solucionar o processo rapidamente. A exigência mais difícil é cumprir os cinco anos de residência no país, regra determinada pela Fifa para coibir o excesso de importações no futebol.

Ex-meia Marquinhos defendeu a Bulgária entre 2011 e 2014 Foto: Stevo Vasilejevic/Reuters

A seleção búlgara acumula seis partidas sem vencer e tem poucas perspectivas de classificação para a Eurocopa. Isso não tira a satisfação dos brasileiros em sentir o quanto conseguiram marcar época no futebol local. "É uma honra jogar com a camisa de um país que me acolheu e me dá carinho. Jogar por uma seleção é um sonho realizado", comentou Wanderson.