20 de março de 2015 | 11h10
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, ataca a interferência dos governos no futebol e passa uma resolução em seu Comitê Executivo para pedir que as autoridades "deixem o esporte em paz". Segundo ele, a Fifa estaria disposta a investigar o caso do Brasil se a CBF pedir a intervenção da entidade por causa da MP do governo brasileiro sobre os clubes, assinada nesta quinta pela presidente Dilma.
"Constatamos cada vez mais intervenções de governos no esporte", alertou o cartola ao fim da reunião de sua cúpula nesta sexta em Zurique. "Temos casos na África, Europa e na América do Sul também." Blatter não citou países individualmente.
Na quinta-feira, o governo de Dilma Rousseff assinou a Medida Provisória 671, que institui o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro e dispõe sobre a gestão temerária no âmbito das entidades desportivas profissionais.
A MP permite o refinanciamento da dívida dos clubes, na casa dos R$ 4 bilhões, com a União em até 240 meses, ou 20 anos. Mas, em contrapartida, os clubes terão de cumprir regras de governança e de responsabilidade fiscal e trabalhista. A exigência é de que mandatos de dirigentes sejam limitados a apenas uma reeleição. A CBF já deixou claro que é contra isso.
"Se a CBF nos pedir ajuda e dizer que existe uma interferência, vamos agir", alertou Blatter. Segundo ele, o "sistema legal" da Fifa pode ser usado se a CBF solicitar. "Aí poderemos tomar uma decisão", declarou o cartola. Mas, de uma forma geral, Blatter deixou claro que não vai aturar intervenções. "Hoje, tivemos uma resolução para dizer: Pare a interferência politica no nosso esporte." O cartola lembrou que existem resoluções da Fifa, COI e até da ONU que insistem que os esportes são "autônomos".
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