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Boston City 'mineiro' terá CT para 130 atletas e estádio com o mesmo gramado do Allianz Parque

Empresário cria filial de clube americano no interior de Minas Gerais e espera mudar o futebol local com o projeto

Por Ciro Campos
Atualização:

Em uma cidade do interior de Minas Gerais está em marcha um projeto ambicioso para levantar no Brasil um time de futebol com nome americano: Boston City FC. A equipe criada nos Estados Unidos em 2015 e levada para Manhuaçu (MG) em 2018 espera mudar a região com a proposta de revelar jogadores jovens e inaugurar uma estrutura completa com arena multiuso e centro de treinamento para garotos.

O responsável pelo desafio é o dono do time, Renato Valentim. O empresário nascido em Manhuaçu mora nos Estados Unidos há 20 anos e é dono de uma rede de restaurantes. Fã de futebol, ele notou, primeiramente, que a cidade de Boston carecia de um time de futebol. Por isso, há cinco anos, ele e o ex-atacante Palhinha (bicampeão da Copa Libertadores pelo São Paulo) fundaram o projeto. Palhinha, no entanto, deixou a equipe e atualmente trabalha em Portugal.

Renato Valentim sonha em obter o sucesso com o Boston City FC Foto: Arquivo Pessoal/Renato Valentim

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O Boston City FC disputa o equivalente à terceira divisão dos Estados Unidos. Como no país não há sistema de rebaixamento e promoção, o plano é comprar em breve uma franquia que esteja no segundo escalão. É assim que funciona por lá. Há dois anos, Valentim resolveu que era hora de levar o Boston City para sua cidade natal, Manhuaçu. A falta de times na região lhe ajudou a ter essa ideia.

"Eu vi uma oportunidade para a cidade e para a região crescerem em várias frentes. O projeto dá oportunidade para quem tem qualidade técnica para jogar em alto rendimentoe poder se desenvolver. Minha cidade precisava de opção de entretenimento,  seja para show, seja para futebol", disse o empresário ao Estadão. Valentim prefere não revelar valores do investimento, mas tem claro os resultados desses dois anos iniciais.

O projeto dá oportunidade para quem tem qualidade técnica para jogar em alto rendimento poder se desenvolver. Minha cidade precisava de opção de entretenimento seja para shows, seja para futebol

Renato Valentim, Dono do Boston City FC

O Boston "mineiro" disputou ano passado a segunda divisão profissional do Estado e revelou oito garotos para as categorias de base dos principais times de Minas Gerais. Entre eles, há os goleiros Kauã, de 16 anos, e Vitor Eudes, de 22, que defendem Atlético-MG e Cruzeiro, respectivamente. No momento, o clube tem três captadores que viajam pelo Brasil atrás de talentos. Garotos que querem encarar o desafio. Neste ano, tanto a filial brasileira quanto a matriz americana decidiram suspender as atividades por causa da pandemia do novo coronavírus. Apenas no próximo ano o projeto deve ser retomado.

Enquanto isso, em Manhuaçu, o trabalho do clube é na construção civil. Há dois meses teve início uma obra para terminar até 2024 um estádio multiuso para 8 mil pessoas. Anexo ao local deve ser montado um centro de treinamento com dois campos e capacidade para abrigar 130 atletas em alojamentos, com refeitório e infraestrutura adequada. O Boston City até fechou parceria com a mesma empresa responsável pelo fornecimento do gramado sintético do Allianz Parque e do CT do Palmeiras, a Soccer Grass. O objetivo é ter no clube um piso idêntico, para garantir qualidade e durabilidade.

Projeto do futuro estádio do Boston City FC em Minas Gerais Foto: Boston City FC/Divulgação

"Quero que o estádio receba futebol e também outros eventos. O objetivo é que na região da arena se tenha um centro comercial com bares e restaurantes para que as pessoas possam ir ao jogos. As obras ainda estão na fase de terraplanagem", explicou. Valentim aposta que quando toda a estrutura estiver pronta, Manhuaçu vai atrair a população de cidades vizinhas. A estimativa é conseguir impactar uma região que tem 400 mil torcedores, em especial com a geração de empregos. A cidade fica na Zona da Mata Mineira, com população estimada de 90 mil pessoas. Fica a 290 quilômetros de Belo Horizonte. Seu nome é de origem tupi e significa 'chuva grande'. É uma típica cidade mineira onde quase todos se conhecem.

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Eu sempre quis jogar futebol, mas não tive esse dom. Como tenho talento para ser administrador, procurei levar isso para o futebol

Renato Valentim, Dono do Boston City FC

Valentim disse que espera no futuro ter um intercâmbio grande de atletas entre as duas sedes do Boston, mas promete que o clube terá uma administração inspirada no modelo americano e não tanto no estilo brasileiro. Gestão profissional, disciplina e metas serão os pilares do clube. "Sempre vi o esporte brasileiro ser conduzido com amadorismo. Eu sempre quis jogar futebol, mas não tive esse dom. Como tenho talento para ser administrador, procurei levar isso para o futebol", explicou.

O aporte na cidade local serve para o empresário como uma espécie de contribuição à terra natal. Realizado profissionalmente, o objetivo agora é outro. "Chega a um ponto da vida em que precisamos deixar um legado. Eu não preciso mais de dinheiro para viver. Lógico que tenho novos investimentos em vista, mas acredito muito no empreendedorismo social", afirmou.

TRAJETÓRIA

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Valentim deixou o interior de Minas Gerais rumo aos Estados Unidos em 1998. Apesar de ter empresas no Brasil no ramo automativo, a ideia na época era aprender inglês e estudar administração. Nos primeiros anos ele trabalhou em restaurantes, além de se aprofundar nos estudos sobre negócios e gastronomia. A partir de 2001, Valentim começou a realizar investimentos no ramo imobiliário e passou a guardar recursos para iniciar o próprio empreendimento.

Em 2004 o mineiro abriu o próprio restaurante em Boston, o Tavern in the Square. "É um pub esportivo com cardápio variado de pizzas, hambúrgueres e carnes. É um espaço para o público ter uma boa experiência, ter uma boa comida, e poder ver um jogo ou encontrar amigos", explicou. Atualmente a rede tem 12 unidades em três Estados americanos. Existe o plano de se abrir mais seis lojas. Atualmente o empresário tem 1,2 mil funcionários empregados.

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