Botafogo rescinde contrato de patrocínio da TelexFree

Decisão ocorre três dias após a prisão de James Matthew Merrill, um dos fundadores da empresa

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Por João Villaverde
Atualização:

BRASÍLIA - O Botafogo Futebol e Regatas anunciou nesta segunda-feira a rescisão de seu contrato com a empresa americana Telexfree, investigada nos Estados Unidos e proibida de atuar no Brasil desde o ano passado pela mesma razão: a companhia é acusada de implementar um esquema de pirâmide financeira. Na curta nota, o Botafogo afirma que rompeu o contrato, "com base nas cláusulas pertinentes". A empresa já foi notificada pelo clube carioca e não mais estampará sua marca nos espaços publicitários previamente acordados, como a camisa do time de futebol. Desde o início do contrato, em janeiro deste ano, a empresa repassou ao clube pelo menos US$ 1,7 milhão (R$ 4 milhões).A decisão ocorre apenas três dias após a prisão de James Matthew Merrill, um dos fundadores da Telexfree nos Estados Unidos. O outro fundador da companhia, o brasileiro Carlos Nataniel Wanzeler, é considerado "fugitivo" pela polícia norte-americana. No Brasil, a empresa foi investigada pelo Ministério Público do Acre, que considerou como criminoso o esquema financeiro da companhia, que atraiu mais de 1 milhão de brasileiros. Criada em 2002 nos Estados Unidos, a Telexfree começou a crescer muito entre 2011 e 2012, quando atraiu investidores para a venda de pacotes de telefonia VoIP e colocação de anúncios na internet. No Brasil, milhares de "divulgadores" da Telexfree entraram com denúncias no Ministério Público, e nos EUA a empresa foi investigada pela SEC, a comissão de valores mobiliários do País. A SEC considerou a empresa como um "caso clássico de pirâmide financeira", que serviu apenas como "máquina de fazer dinheiro para os donos". Pelo esquema de pirâmide financeira, uma companhia promete lucros elevados a seus investidores, que fazem apenas um aporte. O modelo consiste em aumentos exponenciais dos investidores, e, no tempo, revela-se insustentável.Apesar de todas as complexas questões legais envolvendo a Telexfree, o Botafogo fechou um patrocínio com a empresa norte-americana em janeiro. Desde então, a companhia expôs sua marca na camisa do time, que participou dos campeonatos Carioca, Libertadores e do Brasileiro. Até o fim de semana passado, quando bateu o Criciúma por 6 x 0 no Maracanã, os dirigentes do Botafogo garantiam que o contrato não seria rescindido. Ontem, em entrevista ao portal da revista Veja, o diretor do Botafogo, Sérgio Landau, reforçou que o clube não iria romper com a companhia.

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