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Botafogo-SP: jogadores quebram troféus

Revoltados com o atraso salarial, de três meses, alguns jogadores usaram um pé-de-cabra e um taco de sinuca para atingir os troféus do próprio clube.

Por Agencia Estado
Atualização:

O Botafogo de Ribeirão Preto continua o seu período de vexames, agora fora de campo. Não bastasse a pífia campanha na fase semifinal da Série A2 do Campeonato Paulista, que eliminou a sua chance de retornar à elite estadual, no último domingo, alguns dos jogadores, inconformados com o atraso salarial, de três meses, entraram, hoje, na sala de troféus do Estádio Santa Cruz e danificaram alguns dos prêmios do clube. O experiente volante Souza (ex-Botafogo-RJ e Juventude) e o meia Ricardo, furiosos com a situação e o descaso da diretoria, usaram um pé-de-cabra e um taco de sinuca para atingir os troféus. Os jogadores tinham se reunido com o presidente do Botafogo, Walcris da Silva, um a um, ontem, com a promessa que receberiam pelo menos parte da dívida hoje. Porém, Silva está tentando conseguir o dinheiro, mas o clube não tem mais crédito na praça. Há cerca de um mês, seis funcionários do clube fizeram uma greve e, em represália, foram demitidos pela diretoria. Outros funcionários não recebem salários há mais tempo. Os jogadores ameaçaram entrar em greve, falavam das dificuldades, mas ainda assim conseguiram classificar o time na primeira fase da Série A2. Como Silva não compareceu para fazer o pagamento na manhã de hoje, Souza e Ricardo danificaram alguns troféus conquistados pelo Botafogo. É a memória do clube, ainda que apenas um título de destaque tenha sido conquistado: a Segunda Divisão de 1956. Os outros são de vice (como o Paulista, de 2001) ou de categorias amadoras. Após alguns radialistas, que estavam no pavimento térreo, ouvirem gritos e o barulho ao lado da sala da diretoria, dois andares acima, funcionários do clube arrumaram a sala de troféus e afirmaram que nada ocorreu. Porém, alguns deles viram troféus tombados no chão e alguns com detalhes comprometidos. Até a Polícia Militar foi acionada, mas ficou pouco no estádio. Não foi registrado um boletim de ocorrência do incidente. Como a A2 terminou para o Botafogo, os jogadores querem receber seus salários e voltar para casa, procurar novo emprego. Souza disse que tem três filhos para sustentar e não suporta a situação. O lateral Rodrigo, que não foi conivente com a destruição dos troféus, informou que está há 130 dias em Ribeirão Preto e nada recebeu. Tita e João Paulo também queriam receber o que têm direito, mas não danificaram os troféus do clube. Todos estão morando no alojamento do Botafogo, no próprio Estádio Santa Cruz, no andar superior ao da sala de troféus. O Botafogo terá que montar um novo time para disputar a deficitária e desmotivante Copa Federação Paulista, que começa em julho, além da Série C do Campeonato Brasileiro, ainda sem calendário definido. Walcris da Silva está praticamente sozinho, quase sem opções. O clube deve entre R$ 18 milhões e R$ 20 milhões, mas ninguém informa corretamente o valor. O clube nem telefone fixo tem mais. Apenas um celular pré-pago é usado para receber as ligações. O Botafogo é apenas um retrato, ou uma caricatura, das péssimas administrações dos últimos anos. Há três anos, o clube comemorava o inédito vice paulista e se preparava para disputar a Série A do Campeonato Brasileiro. Foi a última glória. Desde então, três rebaixamentos e muitas dívidas.

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