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Luís Castro, novo técnico do Botafogo, prevê turbulência, aguarda estrutura e evita comparações

Português elogia compatriotas Abel e Jesus por sucesso no Brasil, mas ressalta que projeto do alvinegro carioca não é imediatista

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Por Redação
Atualização:

O Botafogo apresentou oficialmente nesta terça-feira o treinador português Luís Castro, que assumiu o time carioca após passagem pelo Al-Duhail, do Catar. O novo comandante revelou ter recebido outras propostas e optado por treinar o alvinegro carioca. Ele ainda minimizou a alta aposta recente feita pelo futebol brasileiro em técnicos estrangeiros, evitou comparações e afirmou esperar dificuldades no processo de reestruturação do time.

"Eu escolhi o Botafogo, realmente tive outros convites, mas esta foi uma escolha consciente. Apesar de todas dificuldades, acredito muito no projeto, no que quer o John Textor, acredito muito nos torcedores, na estrutura e nas pessoas envolvidas no projeto. Eu sou uma pessoa de convicções e me entrego por completo. É um desafio difícil, temos muitas dificuldades estruturais e de organização. O que eu senti é que existe muita vontade de melhorar e trabalhar. Para mim, a vontade é mais importante que o talento", disse Luís Castro.

Luís Castro (esq.) cumprimenta o empresário norte-americano John Textor, dono da SAF do Botafogo Foto: Divulgação/BFR

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"Para mim, não há treinadores brasileiros, portugueses, ingleses ou espanhóis. Para mim, há treinadores de futebol. Fico feliz com o sucesso de Jorge Jesus e Abel Ferreira. No passado tive treinadores brasileiros na minha carreira muito interessantes e muito bons, como o Paulo Autuori e do Marinho Perez, que são uma referência pra mim. Essa catalogação de treinador de um país ou de outro não faz qualquer sentido. Não tenho mais ou menos responsabilidade porque outros treinadores fizeram bem, eu tenho mais ou menos responsabilidade em função da minha consciência", continuou o português.

A crescente valorização de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro também foi assunto durante a entrevista coletiva de Luís Castro. "Globalização foi o que mudou. Trabalhar no Brasil sempre foi uma meta minha porque lembro de Falcão, Jairzinho, Pelé, Garrincha e Amarildo. Portugal não estava em alguns Mundiais e minha seleção era o Brasil. Este não pode ser um projeto imediatista, temos que ter consciência disto. Sei que as expectativas são grandes, mas as coisas necessitam tempo. Se o futebol não me der tempo, paciência. Tenho que seguir meu caminho e ficará a marca do Brasil em mim. Se eu for despedido aqui, será a primeira vez na minha carreira", disse.

PROJETO BOTAFOGUENSE E OBJETIVOS TRAÇADOS

Direto em suas palavras, Luís Castro revelou o que tem em mente para o futuro do time carioca, a começar pelos 43 atletas que o Botafogo possui em seu elenco no momento, número que deverá ser enxugado. O treinador espera reduzir este número e aproveitar ao máximo o período de preparação no Campeonato Brasileiro, além dos confrontos diante do Ceilândia-DF pela Copa do Brasil. Luís ainda mostrou preocupação com a infraestrutura do clube.

"Não vou esconder nada, não estamos com espaço para treinar. Mas não é desculpa, sou responsável pelo que acontece no Botafogo. Eu aceitei o clube da forma que ele está e aceitei participar do seu desenvolvimento. Vamos nos organizar rapidamente, atravessar uma zona mais turbulenta. Existe organização e, no momento, necessitamos de infraestrutura. Se conseguirmos colocar o Botafogo no caminho de sucesso novamente será uma marca muito forte", disse.

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"É impossível trabalhar com 40 jogadores, o número que solicitei foi de 27 jogadores e três goleiros. Isso porque o calendário no Brasil tem muitos jogos. Temos a equipe B, podemos sempre ir lá buscar se precisarmos. Isso está definido. Normalmente, quando traçamos objetivos, fazemos de uma forma otimista. Não basta só nós dizermos que temos vontade porque os adversários também têm. Vamos iniciar um processo de construção, leva mais ou menos tempo. O que eu queria é paz, uma construção sustentada em que nós não andemos olhando para baixo", completou Luís.

PRIMEIRA ESCOLHA DE JOHN TEXTOR

Novo investidor do clube e responsável direto nas negociações com Luís Castro, John Textor afirmou que o português foi sua primeira escolha para o comando do time. O norte-americano também destacou que seu objetivo é competir com outros grandes clubes do país e que aquisições como esta abrem outras portas para que novos reforços cheguem.

"Haverá uma grande disputa entre os clubes que são liderados e organizados como uma SAF e os que são uma organização social. Estamos prontos para fazer o competir com o Flamengo, Cruzeiro, com os grandes clubes do Brasil. Ninguém acreditava que podíamos competir com esses clubes e trazer alguém como Luís Castro, mas nós provamos que podemos. Quando os jogadores ouvem o que está acontecendo no Botafogo, eles se sentem entusiasmados a fazer parte deste time", avaliou John Textor.

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