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Brasil entra em campo como favorito em Copa muito questionada

Seleção estreia contra a Croácia, na Arena Corinthians, às 17 horas. Dentro das quatro linhas, tem Neymar como craque inconteste; fora de campo, convive com polêmicas sobre a organização do torneio

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Foto do author Almir Leite
Por Almir Leite e Jamil Chade
Atualização:

Maior vencedora do futebol mundial com cinco títulos (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002), a seleção brasileira abre quinta-feira, às 17 horas, contra a Croácia, em São Paulo, a 20.ª Copa do Mundo com um favoritismo jamais experimentado por um país anfitrião, com Neymar como um craque inconteste e ainda com a força da torcida, que se “jogar junto” com o selecionado nacional, poderá fazer a diferença no caminho para o hexacampeonato. 

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Ao mesmo tempo, a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari precisará conviver no próximo mês com uma série de questionamentos e polêmicas fora das quatro linhas, tudo por conta da organização do torneio, do investimento feito para realizar a chamada "Copa das Copas" e às muitas promessas feitas pelo governo que ficaram no vazio. Um caldo quente que acabou virando combustível para as manifestações de junho de 2013, em plena Copa das Confederações, e pode derramar seus efeitos para as eleições de outubro próximo. 

Contudo, o tom de otimismo na conquista do sexto título mundial foi dado na quarta-feira à tarde no palco da abertura pelo técnico Luiz Felipe Scolari. "Chegou a hora, vamos todos juntos, é o nosso mundial", disse, como se discursasse.

Seleção foi até a Arena Corinthians nesta quarta-feira fazer reconhecimento do gramado Foto: Eduardo Nicolau/Estadão

Mas num contraste a esse clima de euforia há manifestações contra a Copa prometidas para o dia da abertura e os próximos dias, num sinal de que nem todos compraram a ideia do Mundial que em sua preparação conviveu com estouros de orçamento, atrasos nas obras, oito mortes de operários apenas na construção de arenas e crises profundas entre o governo brasileiro e a Fifa.

Felipão, técnico campeão em 2002 e quase unanimidade entre os torcedores, fez sua versão do “pra frente Brasil" ao agradecer o apoio que recebeu por mensagens ou telefonemas da presidente Dilma Rousseff, do candidato à presidência Aécio Neves e dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula, que em seu segundo mandato à frente do País viu a Fifa escolher o Brasil como sede, em 2007. Felipão não esqueceu dos torcedores, que “abraçaram" a seleção na Copa das Confederações e têm dado demonstrações de carinho aos jogadores a cada treino em Teresópolis.

Se no gramado as coisas vão bem para uma equipe que venceu 15 de seus últimos 16 jogos e há chances reais de o Brasil gritar “é campeão" em casa 64 anos depois da frustração daquele 16 de julho de 1950 no Maracanã, aspectos da organização estão entalados na garganta de boa parte dos brasileiros.

Após sete anos e R$ 26,5 bilhões gastos para fazer o Mundial (R$ 8,5 bilhões destinados às 12 arenas), segundo números oficiais – a conta será certamente mais salgada, mas até a Matriz de Responsabilidades, documento que deveria ser uma forma de controle, está desatualizada – pelo menos metade das obras prometidas não estão prontas. A Arena Corinthians, por exemplo, nunca foi testada em sua plenitude. Um risco para um estádio que hoje receberá pelo menos 12 chefes de Estado. E que, na sua construção, registrou 3 mortes de operários. 

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A desconfiança leva, há cerca de um ano, a protestos, com diversos graus de intensidade. Em São Paulo, há quatro marcados para hoje. Mas talvez a recompensa venha em 13 de julho. “Espero realizar o sonho de todos os brasileiros", deseja Neymar. Pelo menos dentro de campo, o Brasil se diz preparado.

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