Brasil sofre uma invasão estrangeira

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Por Agencia Estado
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O Campeonato Brasileiro está longe do nível técnico, financeiro e de organização das principais competições da Europa, como o Italiano, o Espanhol, o Inglês, o Alemão, entre outros. Mas, pelo menos num aspecto, ele pode ser comparada aos europeus: a diversificada presença de estrangeiros. A edição deste ano é a mais globalizada de todos os tempos, com a participação de 22 jogadores nascidos fora do País, incluídas as Séries A e B. São argentinos, paraguaios, uruguaios, chilenos, colombianos, o angolano Johnson, da Portuguesa, e o sérvio Petkovic, do Fluminense. Petkovic, aliás, é o maior artilheiro estrangeiro em campeonatos nacionais: fez 57 gols, em oito anos. Desde que chegou ao País, contratado pelo Vitória, o sérvio desfila categoria pelos clubes que defendeu, especialmente no Flamengo e no Vasco. Hoje, comanda o Fluminense, um dos candidatos ao título. ?Fui bem recebido e, por isso, me adaptei rapidamente. Gosto dos brasileiros?, comenta. O chileno Maldonado, do Cruzeiro, também garante que não teve problemas de adaptação. ?Sempre tive companheiros que me ajudaram e me ensinaram muito?, conta o jogador, contratado pelo São Paulo do Colo-Colo, no ano 2000. Nem todos têm a mesma sorte, como atesta o colombiano Ferreira, do Atlético-PR. ?Tive dificuldades nos primeiros jogos porque o futebol brasileiro é mais rápido e tem muito mais contato?, compara o meia, que ainda é do América de Cali. Alguns têm problemas piores. O argentino Sebá, do Corinthians, reclamou, depois do clássico contra o São Paulo, que é perseguido por alguns árbitros. E seu companheiro Tevez, desde que chegou ao Brasil, se diz vítima da marcação implacável dos zagueiros rivais por ser argentino. E já ameaçou deixar o Brasil e ir para a Europa. O são-paulino Lugano também enfrentou dificuldades: era tido como violento quando veio do Uruguai. Hoje, ídolo da torcida, festeja a nova imagem. ?Estamos abrindo as portas para jogadores de outros países?, avalia o zagueiro. ?O melhor é que os estrangeiros estão presentes na maioria das equipes de ponta, o que é ainda mais difícil.? Campeão da Libertadores de 2004 com o Once Caldas, o colombiano Henao, do Santos, entende que todos ganham com a importação de talentos. ?A experiência é rica, não só pelo nível do futebol, mas porque economicamente é melhor jogar aqui do que em nosso país?, observa o goleiro, que se recupera de lesão no joelho. Para o angolano Johnson, que tenta levar a Portuguesa de volta à Série A do Brasileiro, a motivação é outra: o atacante pretende atuar bem para ser lembrado pela seleção de seu país, caso se classifique para a Copa do Mundo de 2006. A presença de estrangeiros no Campeonato Brasileiro é tamanha que seria possível formar um time de respeito apenas entre os nascidos fora do País. A principal qualidade da ?seleção? seria a solidez defensiva. Afinal, passar pelo trio Lugano, Gamarra e Sebá, com a proteção dos volantes Maldonado e Mascherano ? que, apesar de só voltar ao futebol em 2006, em virtude de lesão, tem vaga garantida na equipe ? não seria fácil para nenhum atacante. O goleiro Sergio, do Palmeiras, que atua com Gamarra desde o início de julho, entende que esta seria a melhor zaga do futebol brasileiro. ?Os jogadores do exterior dizem que a adaptação ao futebol brasileiro é bem mais fácil?, lembra. Além de Henao, no gol, a equipe teria o apoio, pelas laterais, do paraguaio Gavillán ? improvisado na posição ?, do Internacional, e do colombiano Marín, do Atlético-PR. No meio-campo, Petkovic teria a responsabilidade de criar as jogadas para a dupla Tevez e Gioino ? curiosamente, rivais no Corinthians e no Palmeiras. No banco de reservas, o treinador teria boas opções, casos dos colombianos Ferreira e Rentería (Internacional), do angolano Johnson, e dos chilenos Beausejour e Escalona, ambos do Grêmio. Talvez fosse um time excessivamente defensivo para os padrões brasileiros. Mas não faria feio contra qualquer equipe nacional. ?Esta diversidade que trazemos sempre é boa, estilos diferentes de jogar quebram a monotonia?, comenta Lugano. Já que a globalização parece ser um fenômeno irreversível ? também no futebol ?, só resta aos brasileiros dar as boas-vindas aos ?hermanos?.

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