Brasil sonha em conquistar título da Copa América com a defesa sem sofrer gols

Equipe de Tite enfrenta o Peru no Maracanã confiante na estabilidade do setor defensivo

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Por Ciro Campos e e Marcio Dolzan
Atualização:

Se terminar a final deste domingo contra o Peru sem ter o seu gol vazado, a seleção brasileira irá quebrar um jejum que já perdura 18 anos e que poucas vezes foi visto numa edição de Copa América: o de ser campeão continental sem sofrer gols. Nesse caso, a defesa montada pelo técnico Tite poderá acrescentar um significado à expressão "saída à francesa", já que três dos cinco atletas que compõem o setor foram companheiros no Paris Saint-Germain.

O miolo de zaga é formado por Marquinhos e Thiago Silva, enquanto que o lado direito tem o capitão Daniel Alves. O trio, aliado a Filipe Luís ou Alex Sandro, é a última linha de defesa antes de chegar ao gol defendido por Alisson, que está há nove jogos sem sofrer gols, incluindo aí partidas pelo Liverpool.

Seleção pratica bola parada defensiva em treino fechado na Granja Comary, em Teresópolis (RJ) Foto: Alex Silva/Estadão

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A solidez da defesa é enaltecida por Marquinhos, que desde as Eliminatórias para a Copa da da Rússia é titular com Tite – exceto no Mundial, quando ficou na reserva de Thiago Silva. Na sexta-feira, o zagueiro do PSG comentou a possibilidade de o Brasil ser campeão sem sofrer um único gol. "A gente está trabalhando para isso. Em competições rápidas assim, de mata-mata, a gente sabe o quanto é importante não levar gol. Isso é um fator que dá confiança para o time", disse Marquinhos. "Não ter levado gols nessa competição em casa, apesar de alguns momentos difíceis na disputa, é importante."

Com a autoridade de quem ostenta a braçadeira de capitão, o lateral Daniel Alves exalta o conjunto defensivo como um todo. Para ele, que decidiu não prosseguir no PSG, mas permanecerá no futebol europeu, o que é demonstrado em campo, seja na defesa, no meio ou no ataque, é resultado do trabalho coletivo.

"O que a gente quer é lutar até o fim e coroar esse trabalho excepcional. Todo o conjunto vem se dedicando muito por um objetivo", declarou, após a vitória sobre a Argentina, a primeira, de fato, em que o setor defensivo do Brasil foi testado. 

Marquinhos também ressaltou a força do elenco. "Temos consistência e precisamos exaltar o trabalho de todos, não só da defesa. Todos ajudam na marcação, e isso não é da boca para fora. Se pegar os lances de algumas partidas, todos ajudam a marcar e isso facilita o trabalho lá atrás", comentou.

Thiago Silva tem o mesmo pensamento. "A solidez defensiva começa na frente, no ataque. Procuro frisar isso. Quando a gente não toma gol, falam que a defesa foi bem. Com a pressão sendo feita no ataque, a gente tem menos dificuldade do que o normal atrás", diz o defensor.

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Aos 34 anos, Thiago é um dos jogadores mais regulares do Brasil, e insiste que o bom momento da defesa não se resume aos atletas que atuam na primeira parte do campo. "Fico feliz pelo trabalho de todo o grupo, não é só meu e do Marquinhos. Casemiro dá proteção incrível, Firmino lá na frente ajuda, assim como Coutinho e Jesus. A equipe é completa, mas só ganhando títulos ficaremos marcados", continuou Thiago Silva.

HISTÓRICO

O desempenho defensivo é destacado desde que Tite assumiu a seleção, em 2016. Nesse período, o Brasil disputou 41 jogos e sofreu dez gols. O problema é que 20% deles saíram nas quartas de final da Copa da Rússia, quando o Brasil levou 2 a 1 da Bélgica e foi eliminado. Toda zaga é cobrada para ser efetiva nas grandes partidas e nos jogos mais decisivos.

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Há 30 anos, na última vez em que o País sediou a Copa América, em 1989, o Brasil também apresentou uma defesa eficiente. Na ocasião, a seleção foi campeã tendo sofrido um único gol, na vitória por 3 a 1 sobre a Venezuela na primeira fase.

Na história da Copa América, em quatro oportunidades o campeão ergueu o troféu sem ser vazado. E os primeiros casos foram registrados há um século. A primeira equipe a conseguir o feito foi o Uruguai, em 1917. Quatro anos depois a Argentina fez o mesmo. Mas ambos precisaram disputar somente três jogos para comemorar a conquista. Em 1987, o Uruguai voltou a ser campeão sem sofrer gols, porém precisou entrar em campo apenas duas vezes. Por fim, o feito mais recente do tipo veio com a Colômbia, em 2001.