Brasil volta a empatar sem gols e deixa Maracanã vaiado

PUBLICIDADE

Por PEDRO FONSECA
Atualização:

A seleção brasileira completou 11 meses sem marcar um gol diante de sua torcida e voltou a decepcionar o público do Rio de Janeiro, ao empatar por 0 x 0 com a Colômbia, nesta quarta-feira, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. Os 55 mil torcedores que foram ao Maracanã viram a exata repetição do que acontecera há um mês, no Engenhão, quando o time também empatou sem gols com a Bolívia. Em junho, o Brasil havia empatado pelo mesmo placar contra a Argentina, em Belo Horizonte. Para o técnico Dunga, também não houve nenhuma novidade -- mais vaias e o coro "adeus, Dunga". Pelas eliminatórias, o Brasil só volta a jogar em março de 2009, contra Equador e Peru, pela 12a e 13a rodadas. Antes disso, a equipe tem amistoso marcado em Brasília, contra Portugal, no mês que vem, quando tentará finalmente fazer um gol em casa. Com o empate, a seleção completou 270 minutos de futebol em território nacional sem marcar. O último gol foi em novembro do ano passado, na vitória por 2 x 1 sobre o Uruguai, em São Paulo. Os primeiros 20 minutos de jogo no Maracanã foram de pressão colombiana, porém a equipe visitante se precipitava ao finalizar de longe, sem levar perigo ao gol do Brasil. Aos poucos, o trio ofensivo Toja, Quintero e Rentería foi se soltando e passou a chegar com velocidade à área brasileira, especialmente jogando nas costas do lateral-esquerdo Kléber. O goleiro Júlio César, que completou quatro partidas sem sofrer gols pela seleção nas eliminatórias, salvou a equipe aos 26 minutos, num chute a queima-rouba do atacante Rentería após bola cruzada na área. O Brasil só conseguiu encaixar seu jogo nos 15 minutos finais do primeiro tempo, depois de já ter ouvido as primeiras vaias da torcida -- o que já se tornou comum nas partidas em casa. A melhor chance foi com o zagueiro Juan, que acertou uma cabeçada firme para baixo, forçando o goleiro colombiano Agustín Julio a uma defesa de reflexo. Quando parecia que a seleção brasileira passaria a dominar as ações, com Kaká e Robinho aparecendo mais para jogar, a Colômbia soube comportar-se bem na defesa e reequilibrou o jogo. Antes mesmo dos 40 minutos, a torcida perdeu definitivamente a paciência. Além das vaias, surgiu com força o coro "adeus, Dunga". O time quase deu a resposta dentro de campo, numa cobrança de falta de Elano escorada para o meio da área por Juan, mas Jô acabou mandando a bola do lado de fora da rede. "Temos que adiantar a marcação, em casa tem que marcar pressão, senão vai ficar difícil", reclamou Robinho na saída da equipe para o vestiário. "Temos que jogar mais rápido, tocar de primeira, estamos segurando muito a bola", acrescentou Kaká. Antes da volta da equipe para o 2o tempo, pelo menos um motivo para a torcida comemorar: os telões do Maracanã mostraram a derrota da Argentina por 1 x 0 para o Chile, resultado que manteve o Brasil na vice-liderança das eliminatórias, atrás do Paraguai. O Brasil retomou a partida buscando mais o ataque, usando mais as jogadas com os laterais Kléber e Maicon, e logo aos 3 minutos Jô recebeu a bola na área e bateu firme, forçando o goleiro Julio a fazer uma boa defesa. Mas a Colômbia continuou bem na partida, marcando com eficiência, e continuou a criar problemas para o Brasil. Aos 17, o maior susto para o Brasil. Quintero arriscou de fora da área, a bola desviou em Toja, e passou rente à trave esquerda do goleiro Júlio César. Num intervalo de 10 minutos, o técnico Dunga queimou as três substituições, incluindo a saída por lesão de Robinho para a entrada de Alexandre Pato. Também entraram Mancini (Elano) e Thiago Silva (Juan), em ambos os casos sob vaias. Assim como no começo da partida, a Colômbia voltou a colocar o Brasil sob pressão a partir de metade do segundo tempo. Aos 26 minutos, a bola sobrou livre dentro da área para Rentería, que desperdiçou outra boa chance. Sem Robinho e Elano, e com Kaká apagado, a seleção ficou visivelmente desorganizada em campo. Mancini até tentou algumas jogadas pela ponta esquerda, mas sem eficiência. A falta de comando dentro de campo ficou evidente em duas cobranças de faltas que poderiam ser boas para a seleção. Os dois mais jovens em campo, Alexandre Pato e Jô, que dificilmente cobrariam uma falta na seleção em condições normais, foram os encarregados. Bateram mal demais. Antes do fim, quem chegou mais perto de marcar foi a Colômbia. E as vaias de novo ditaram o ritmo da exibição da seleção.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.