28 de julho de 2010 | 11h08
A situação do São Caetano vai além da falta de verba ou de bons jogadores. Desde a morte do prefeito Luiz Olinto Tortorello, em dezembro de 2004, a equipe passou a não ser tratada como prioridade pela prefeitura. O atual governante da cidade, José Auricchio Júnior (PTB), no cargo desde 2005, decidiu priorizar outros setores para investimentos. Mas o que causou atrito com os dirigentes do clube, em especial com o presidente Nairo Ferreira de Souza, foi o fato de Auricchio ter decidido administrar os centros esportivos da cidade.
A prefeitura de São Caetano seguiu uma determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), em 2009, para gerenciar os 16 centros esportivos da cidade até o final deste ano. Dentre eles está o AD São Caetano, em que Nairo tem mandato até o fim de 2012 (o dirigente está no cargo desde 1996). A sede do clube, localizada no bairro Cerâmica, voltará ao controle da prefeitura, que é a dona do terreno e Nairo continuará como presidente, mas sem o controle das estruturas.
O presidente do São Caetano afirmou que gostaria de um acordo com a prefeitura para continuar com a sede destinada apenas aos associados. "Existem muitos clubes com um bom número de associados, como o São Caetano [cerca de 4 mil, que pagam R$ 40 de mensalidade]. Espero que os comandantes passem a dar todas as condições para a manutenção da estrutura [a prefeitura já paga a água e a luz do local]. Grande parte do que está lá foi construído pela nossa administração."
Os dirigentes do São Caetano reclamam que Auricchio não dá apoio ao clube. De acordo com eles, a única vez que o prefeito esteve no Anacleto Campanella para acompanhar um jogo foi "com a camisa do Palmeiras" (no Paulistão de 2009). Por meio de nota, a assessoria de imprensa de Auricchio negou o desentendimento com Nairo.
O secretário de Esportes e Turismo, Mauro Chekin, tentou defender o bom relacionamento entre Prefeitura e clube. "O São Caetano continuará a ter sua sala mesmo com a municipalização. Não acabará nada. O que vai mudar é que todos poderão utilizar a estrutura, sem a necessidade de ser sócio. Falam que o prefeito não gosta de futebol, mas não é bem assim. Ele administra muito bem a cidade e sempre está aberto aos diálogos."
Chekin, porém, não perdeu a chance de fazer críticas à administração de Nairo. "O clube precisa voltar a ter apelos maiores. O São Caetano tem muitos jogadores distribuídos pelo Brasil e não monta um time para subir de novo porque é conveniente. Não vou para a Série C e não tenho a intenção de subir... Compreende? Se a equipe der condições novamente [voltar à Série A do Brasileiro], fica mais fácil para fazer investimentos."
NOVO BARUERI? A mudança de sede do Barueri para Presidente Prudente após uma briga entre os dirigentes e a prefeitura local foi surpreendente. Nairo, no entanto, afirma que o São Caetano não seguirá este caminho, apesar dos boatos que correm pela cidade. "A situação de Barueri foi outra. O São Caetano nasceu aqui [há 21 anos] e vai morrer aqui. Muitos boatos pela região falaram que a gente sairia, mas não é isso. Sempre procuramos ser parceiros da prefeitura e vamos seguir nesta linha."
Chekin também ouviu os boatos e afirmou que está preocupado com o futuro. "Só o Nairo pode definir isso. Onde há fumaça há fogo. E acredito que tem algum fogo por baixo dessa brasa. Reformar o estádio é custoso para a prefeitura e a municipalização dos clubes não será alterada. O que o Nairo tem de entender é que o São Caetano não é mais o clubinho dele. O futebol do São Caetano coloca o nome da cidade na mídia, é verdade, mas não temos a temeridade de perder o clube."
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