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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Cabeça à prova

Por Antero Greco
Atualização:

Caro amigo que agora dedica alguns minutos para esta crônica dominical, entre um gole e outro de café, imagine a seguinte situação. Você está empregado, recebe muito bem pelo trabalho, muito bem mesmo, dinheiro que proporciona vida folgada. Mas lhe chega proposta para ganhar, por baixo, 14 vezes mais, e em moeda forte, como dólar e euro. A proporção para o salário atual pode até subir, se colocar tudo na ponta do lápis e fizer conversão cambial minuciosa. Como fica sua cabeça? Balança, provavelmente. Fica um trevo. Seja sincero, não é isso que aconteceria? Normal. Pois bem, pense como deve estar Ricardo Oliveira a esta altura, depois de ver frustrada a perspectiva de transferir-se para a China, onde ganharia mais de R$ 2 milhões por mês, por contrato de dois anos. Ele saltaria dos 150 mil atuais do Santos – soma estratosférica para os padrões nacionais – e iria para essa quantia estelar. Por 30 dias num clube oriental, embolsaria mais do que um ano por aqui. Como você pôde acompanhar, a diretoria alvinegra bateu o pé na intenção de só romper o contrato em vigor, se houvesse compensação de R$ 50 milhões. No máximo, toparia baixar para 36 milhões e não se fala mais no assunto. Os chineses caíram fora, por avaliarem que não valia a pena tanto investimento por um profissional de 36 anos. Mas Ricardo se dispôs a abrir mão de metade da bufunfa e deixá-la na Vila Belmiro. Nada feito e vida que segue. O Santos não errou, do ponto de vista prático e empresarial. Há documento assinado por ambas as partes e deve ser respeitado. Além disso, encheu-se de brios, por não concordar com os métodos chineses, agressivos quando colocam um objetivo. Eles jogam pesado, e antes fosse só no futebol. Ficou também o temor de ver o elenco de Dorival Júnior enfraquecido. (Geuvânio e Marquinhos Gabriel foram embora). O Santos tecnicamente não errou. E, de certa maneira, encarou a fúria do bolso dos chineses. Um recado para os gringos e para outros clubes brasileiros. Falhou no aspecto pessoal, ao não considerar que Ricardo está na fase derradeira da trajetória de boleiro e proposta do gênero equivale a ganhar na loteria a cada mês. Não sei pra você, pra mim bastaria um mês apenas e colocaria o burro na sombra pra sempre. Bom, já foi e importa o que acontecerá daqui para a frente para os dois lados. Ricardo Oliveira, homem de fé, pode encarar a recusa santista como uma prova que lhe foi enviada dos céus. Talvez seja melhor que tome o episódio pelo aspecto religioso, pois a alternativa pode ajudá-lo a superar a decepção.  Fica a interrogação: se, por acaso, não jogar bem, a torcida absorverá a fase com naturalidade ou vai partir para a ignorância e chamá-lo de “mercenário”? A resposta começa a ser dada neste domingo, no jogo com o Red Bull, pelo Campeonato Paulista. Tomara Ricardo Oliveira continue a mandar bolas para o gol e fique feliz. Provou, em 2015, como valeu a pena o Santos abrir-lhe as portas, depois de muitas temporadas no exterior. Não é por acaso que virou ponto de referência no elenco, condição que ainda vai exercer, ao lado de Lucas Lima, jovem de cabelo descolorido e futebol cheio de arco-íris.Verde à prova. O Palmeiras chacoalhou a poeira, com os 4 a 1 sobre o XV de Novembro, na noite de quinta-feira, em Piracicaba. Precisava de vitória folgada, depois de três empates e uma derrota no Estadual. A pressão pra cima de Marcelo Oliveira e jogadores era evidente, apesar dos desmentidos de praxe. Mal voltou para casa e já tem outro teste duro, ao topar com a Ferroviária. A turma de Araraquara tem feito estrago por aí e na semana passada fez o Corinthians dançar miudinho até arrancar empate por 2 a 2. Será uma boa oportunidade para o treinador palestrino observar se o time apruma e engata uma série de resultados animadores. Até o momento, o Palmeiras tem oscilado, mais pra baixo do que pra cima. Chegou a hora de estabilizar-se.

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