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Cafu: enquanto jogar, quero estar na Seleção

Por Agencia Estado
Atualização:

"Para mim, vestir a camisa da seleção brasileira é como vestir a de um clube." Tal frase pode, para muitos torcedores, soar como um desrespeito a uma seleção que já conquistou cinco títulos mundiais. Mas não, seu autor não despreza a "amarelinha?. Ao contrário, orgulha-se em colocá-la no corpo. Algo que já fez tantas vezes nos últimos 14 anos, que tornou-se um ato natural. Por este motivo, o lateral-direito Cafu já consegue jogar pela seleção com a mesma naturalidade com que atua por um clube, embora saiba, é claro, que a responsabilidade é bem maior. Na quinta-feira, contra a França, Cafu, que completa 34 anos no próximo dia 7, vestirá a camisa da seleção brasileira pela 130.º vez, segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), um recorde absoluto. A atual, foi sua 163ª convocação. Ele já atuou exatos 10.016 minutos pela seleção. Disputou três finais de Copas seguidas e ganhou duas. E quer mais, muito mais. "Pretendo chegar à partida número 150 e até ultrapassar em muito essa marca. Enquanto eu jogar futebol, quero jogar pela seleção. E como não penso em parar tão cedo... Em 2006, quero ir à Alemanha?. Mas o lateral será um dos ausentes amanhã, na apresentação da seleção. Ele foi liberado para participar de uma partida beneficente em Milão, que organizou, entre uma seleção da Europa e outra composta por jogadores dos outros continentes, com renda revertida para a Fundação Cafu. Por isso, só deve chegar à França quinta pela manhã. De Milão, onde cuidava dos últimos detalhes para o jogo, Cafu falou com a Agência Estado sobre seleção brasileira, seu clube, o Milan, e sua fundação, entre outros assuntos. Agência Estado - O que faz um jogador, depois de 14 anos, bons momentos mas também muitas críticas, manter o interesse em jogar pela seleção. Cafu - A motivação, a vontade de fazer as coisas bem feitas. E o prazer de jogar futebol. Para mim, é tudo natural, tranqüilo. Ganhei experiência. É como se estivesse no clube. AE - Você é há pelo menos sete anos titular absoluto da seleção. Já está chegando à 130.ª partida e tem a confiança total do Parreira. Muitos dizem que isso também acontece porque não se tem bons laterais-direitos no Brasil. Você concorda? Cafu - Tem, sim, bons laterais-direitos brasileiros. É que foi criada a idéia de que não tem, mas não é verdade. Temos o Mancini, Belletti, e vários outros jogando no Brasil. Eu me mantenho na posição porque procuro fazer sempre o melhor. E também não se esqueça que tive de esperar o Jorginho deixar a seleção para assumir a posição, para ter espaço. E aproveitei. Tive paciência, e o pessoal de hoje também precisa ter. AE - Por que há tanta crítica aos laterais, sobretudo os que jogam pela direita? Cafu - Porque hoje querem que o lateral marque, ataque, arme jogadas, faça gols, resolva os jogos. Mas não é assim que as coisas vão acontecer. AE - E esse Brasil x França, vai ser mesmo um jogo de festa? Cafu - É um jogo atípico, já foi final de Copa, reúne as duas melhores seleções do ranking. Mas jogo de festa é entre aspas. Não existe festa para o Brasil. Todos querem nos vencer. E nós queremos vencer todos. AE - Você jogou muito tempo na Roma e, de repente, foi para o Milan (foi campeão da temporada pelo clube). A Roma considerou que você já não era mais o mesmo... Cafu - Não, o que aconteceu foi que acabou meu contrato, fiquei livre para escolher meu futuro, tive possibilidade de vir para o Milan e vim. Acho que eu me dei bem, né (risos). AE - O Milan realmente é um clube diferenciado em relação à estrutura? Cafu - É. É um clube extremamente profissional, nos dá toda a condição para trabalhar e tem uma estrutura fantástica. Tudo o que você pensar como necessário para um jogador render bem em campo, aqui tem. AE - Dê um exemplo. Cafu - Agora, eles estão construíndo uma piscina para recuperação física, que tem bicicleta e esteira dentro d?água. É uma coisa de louco. AE - E a "patota? brasileira do Milan - Cafu, Dida, Kaká, Serginho -, como é o convívio? Cafu - É muito bom. Estamos sempre trocando idéias. Para a gente, é ótima essa convivência. E todos os jogadores do grupo se entendem bem com os brasileiros, isso também ajuda. AE - O Kaká precisou de apenas uma temporada para se tornar um dos maiores ídolos do Milan.. Cafu - É que ele chegou chegando. Teve humildade, mas mostrou a que veio, disposição, senso profissional, é talentoso e foi bem-aceito por todos. AE - Quem vai estar nesse jogo pró-Fundação Cafu? Cafu - De brasileiros o Adriano, o Dida, o Júnior, Zé Maria (Perugia), Lima, Emerson (Roma), entre outros. Também jogarão o Zanetti (argentino), o Nakata (japonês)... AE - A Fundação Cafu inaugurou recentemente a sua sede. Vocês já estão atendendo o número de crianças planejado? Cafu - O plano é atingir 300 crianças carentes da região do Jardim Irene e estamos atendendo, neste primeiro momento, 50. Proporcionamos reforço escolar, atividades esportivas, curso de informática... À medida que os recursos forem aumentando, vamos nos aproximando da meta. Temos empresas e pessoas que colaboram conosco, mas precisamos mais. AE - Seus companheiros aí na Itália se interessam pela Fundação? Cafu - Sim, bastante. Eles dão muito valor ao trabalho, perguntam o que estamos fazendo, como as crianças de comportam. E também tem gente ajudando para que possamos evoluir.

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