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Cardíaco, Luizão foi salvo pela sorte

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Por Agencia Estado
Atualização:

Há três anos, Luiz Fernando de Andrade Teixeira teve uma parada cardíaca num campo de futebol. Vendo o jogador ali deitado, inconsciente, os outros atletas ficaram desesperados, não existiam médicos no estádio e o massagista não sabia o que fazer. "Ele jogou uma agüinha gelada na minha nuca e eu acordei", conta o hoje auxiliar de preparação física das categorias de base do Corinthians, que vive com um desfibrilador automático implantado no seu coração. ?Passei pelos mesmos problemas do Serginho, mas graças a Deus sobrevivi." Luizão, como é mais conhecido, tombou ainda uma segunda vez no gramado - sim, porque ele voltou a jogar - naquela milagrosa tarde de um sábado de julho de 2001 - "uma enfermeira que me disse que só escapei por milagre", explica. Encaminhou-se ao vestiário, trocou de roupa e foi para casa normalmente, como se nada tivesse ocorrido. Prova de que o incidente não o deixou preocupado é que cinco dias depois resolveu se exercitar num parque próximo a sua residência, em São Caetano. "Era só para trotar, coisa leve. Mas com 35 minutos de corrida veio o apagão de novo. Minhas vistas escureceram e caí desmaiado." Ficou dois minutos e meio assim, estendido, sem qualquer socorro. "A única coisa que me lembro é que levei um monte de tapa na cara para acordar", lembra. A vista foi voltando aos poucos, levantou-se e decidiu que era hora, enfim, de ir ao médico. Até então Luizão não sabia que tinha problema no coração: displasia arritmogênica do ventrículo direito, para ser mais preciso. Os especialistas do Instituto do Coração de São Paulo descobriram que seu caso era grave e a única saída seria a utilização do desfibrilador subcutâneo, aparelho importado que custou em torno de R$ 115 mil para ser implantado. Grave - Caro? "Para mim não, fiz tudo pelo SUS (Sistema Único de Saúde)", diz o ex-jogador. O SUS cobriu a colocação do equipamento e ainda paga a manutenção, que tem de ser feita de três em três meses. "Não incomoda", afirma. "Hoje não", faz a ressalva. "Mas, no começo, assim que pus o aparelho, tomei alguns choques que não eram necessários", comenta. E explica: o desfibrilador deveria ser acionado sempre que seu ritmo cardíaco atingisse 220 batimentos por minuto, porém, como ele vai sendo ajustado aos poucos ao organismo, bem antes de seu coração atingir esse índice, disparou algumas vezes. "Um dia, subindo a escada, levei um susto!", recorda. Aparelho semelhante foi implantado no senegalês Khalilou Fadiga, do Bolton. A diferença é que este será acionado sempre que o coração do jogador, recém-operado, parar de funcionar. Luizão, atualmente com 22 anos, encontrou no ainda não concluído curso de Educação Física uma possibilidade de futuro. "Os médicos não me deram opção. Eu tinha de parar com o futebol e pronto." Na ocasião, atuava como amador do Santo André e, portanto, como não contribuía, não tinha direito a requerer aposentadoria por invalidez ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). "E se pudesse também, não saberia", admite. "Os clubes deveriam informar melhor os atletas sobre esses detalhes, sobre os riscos que eles correm. Os jogadores são muito desamparados."

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