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CBF aguarda por Tite para iniciar planejamento visando a Copa de 2022

Entidade confia na permanência do técnico por mais quatro anos; Gaspar já organiza amistosos

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Por Marcio Dolzan
Atualização:

A CBF já tem pronta a nota da renovação de Tite e espera anunciar a informação no início da próxima semana. O vínculo abrangeria o ciclo completo de uma Copa, portanto, de quatro anos. A cúpula da entidade aguarda o treinador voltar de férias após o Mundial para confirmar um novo acordo válido até o fim da próxima edição, em 2022.

Nos corredores da CBF, os sinais de Tite parecem claros. Seu silêncio indicaria mais um “sim” do que um “não”, até porque os clubes na Europa correm atrás de treinadores para a próxima temporada e se Tite tivesse esse interesse romperia logo seu vínculo. O fato de seu maior parceiro, Edu Gaspar, voltar ao batente também é bastante significativo. Geralmente a dupla de comando sai junto. Foi assim com Gilmar Rinaldi e o técnico Dunga, por exemplo.

Tite tem proposta da CBF para continuar na seleção até 2022. Foto: Eduardo Nicolau/Estadão

Apesar de a seleção brasileira ter terminado em sexto lugar na Rússia, tanto Tite quanto dirigentes da CBF estão propensos a estender o vínculo. A avaliação na entidade é de que o trabalho foi bem feito nos dois anos em que ele esteve à frente do time e, mesmo com o fracasso na Copa, ele conseguiu manter o apoio da torcida – ainda que tenha perdido o status de quase unanimidade na arquibancada.

Tite sinalizou que pretende seguir no cargo. Ele assumiu em meados de 2016 e, em mais de uma vez, declarou que gostaria de ter tido a chance de ser técnico durante um ciclo inteiro de Copa. Dentre os argumentos estava o fato de poder dar oportunidades a outros jogadores em amistosos ou testá-los em mais de uma função.

A renovação será tratada diretamente pelo diretor executivo de gestão da CBF, Rogério Caboclo, já eleito presidente para o quadriênio que se iniciará em abril de 2019. Antes da Copa, o dirigente manteve conversas informais com Tite sobre uma renovação, mas o técnico sempre ressaltou que deixaria para tratar do assunto depois da participação na Rússia. O empresário do treinador, Gilmar Veloz, deverá participar das negociações. Não deverá ter aumento.

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Além da propensão dos dois lados pela continuidade da parceria, outro fato que pesa é que a CBF não trabalha com nenhuma outra alternativa. Não há no momento nenhum técnico no País que faça sombra ao treinador. Tite é o plano A e o plano B para os dirigentes da entidade.

De qualquer forma, por ora ele continua no cargo. Isso porque seu contrato, o do coordenador de seleções, Edu Gaspar, e de seus principais auxiliares, é regido pelas normas da CLT.

Assim, o acordo não tem data de validade. Se a CBF optar por demiti-lo, não há multa. Ela teria de arcar com os custos da saída de um “empregado comum”, como aviso prévio, férias, 13.º, FGTS e outros encargos trabalhistas.

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Enquanto o técnico não volta, Edu Gaspar já retomou sua rotina na CBF segunda-feira. Nesta quarta-feira, ele tinha reunião com Rogério Caboclo. Gaspar é considerado o fiel escudeiro de Tite e o cargo que ocupa o faz chefe imediato do técnico – a renovação até a Copa do Catar não seria pauta desse encontro.

Indiretamente, contudo, a reunião teve relação com o comando da seleção. Gaspar já está trabalhando na organização dos dois amistosos que serão realizados pela equipe em setembro, nos EUA. A convocação será no próximo mês. O coordenador trabalha ainda no relatório final sobre a participação do Brasil na Copa. Ele está fechando as contas da logística e planejando os próximos passos. “O trabalho continua. Não dá para simplesmente parar e esperar por uma definição”, disse ao Estado uma fonte da CBF. Gaspar acompanha os assuntos relativos às seleções de base. Em suma, continua a sua rotina.

Comissão deve ficar mais enxuta

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Mesmo se Tite continuar à frente da seleção, a comissão técnica deverá sofrer mudanças. Para a Copa da Rússia, por exemplo, o treinador levou aproximadamente 40 pessoas, entre fisiologistas, fisioterapeutas, analistas de desempenho e observadores técnicos.

Dois nomes devem continuar trabalhando na seleção: Matheus Bachi (filho e auxiliar do treinador) e Cléber Xavier (auxiliar que acompanha Tite há mais de uma década).

A situação de Sylvinho, que também foi auxiliar de Tite no Mundial, não está definida. Ele não atua no dia a dia da seleção e se junta à delegação apenas durante os amistosos e competições oficiais. O mesmo ocorre com Taffarel, preparador de goleiros da seleção.

As principais mudanças devem ocorrer entre os analistas de desempenho e observadores técnicos. Na Copa, Tite tinha cinco pessoas apenas para analisar e preparar relatórios sobre os adversários do Brasil. Esse número deve diminuir.

AJUSTES

Mesmo tendo participação direta em diretrizes que envolvam o trabalho desenvolvido nas categorias de base da seleção, Tite não deve receber “carta branca” da CBF para tomar todas as decisões em conjunto com Edu Gaspar. 

O entendimento na entidade é de que ajustes terão de ser feitos no planejamento da seleção para a Copa do Mundo de 2022. Algumas ideias propostas por Tite e Edu Gaspar só serão efetivadas após ampla discussão com os dirigentes, e não apenas pela dupla. Se for mantido no cargo, será a primeira vez que um treinador continuará à frente da seleção desde Zagallo entre 1970 e 74. Telê Santana foi o técnico nas Copas de 1982 e 86, mas não de maneira seguida.

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