O desmanche do calendário quadrienal do futebol brasileiro está acelerado. Ele vai se dar em forma de barganha política. De um lado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) cede às pressões das federações estaduais para manter a estrutura dos atuais campeonatos estaduais. Em troca, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, recebe sustentação política dessas entidades - apenas a Federação de Futebol de Pernambuco oferece resistência - para permanecer no cargo. Isso ficou evidente após encontro de três horas, nesta quinta-feira à tarde, na sede da CBF. A reunião foi convocada pelo presidente da Federação do Rio, Eduardo Viana, o maior crítico ao esvaziamento dos Estaduais. "Deixamos claro que não vamos aceitar esse calendário que aí está, os Estaduais são uma tradição", disse o coronel Antonio Nunes, presidente da Federação do Pará. Estiveram reunidos 26 representantes de federações e o secretário-geral da CBF, Marco Antonio Teixeira, além de três vice-presidentes da confederação, Nabi Abi Chedid, Alfredo Nunes e Sebastião Bastos. "As federações vão reativar o assunto Campeonato Estadual e a CBF terá de nos atender", afirmou o presidente da Federação de Goiás, Wilson Silveira. De acordo com o calendário, divulgado em junho, os Estaduais passariam a ser competições secundárias, em que os grandes clubes só ingressariam em sua parte final. Isso reduziria o poder e o prestígio das federações. Elmer Guilherme, da Federação de Minas Gerais, deixou seu recado ao entrar num táxi, à saída do prédio da CBF. "Ninguém duvida que Ricardo Teixeira é uma pessoa idônea; ninguém duvida também que ele vai olhar com carinho para o problema das federações." Nabi Abi Chedid explicou que a iniciativa de Viana visou a marcar uma posição em defesa de Teixeira. "Foi um movimento de solidariedade, de unidade; a CBF sai fortalecida por que tem sua estrutura calcada nas federações, a quem nunca vai virar as costas." Racha - A reunião evidenciou também a queda-de-braço da CBF e federações contra o Clube dos 13 e a TV Globo, autora de denúncias de enriquecimento ilícito contra Teixeira. Eduardo Viana confirmou que a CBF vai ao Supremo Tribunal Federal (STF) para bloquear a CPI do Futebol no Senado. O presidente da Federação do Rio Grande do Sul, Emídio Perondi, também foi polêmico, atacando o Congresso Nacional para defender Teixeira. "Duvido que exista um deputado ou senador que não tenha pedido dinheiro para beneficiar um ou outro."