Publicidade

CBF nega qualquer irregularidade em contrato com a ISE

Entidade divulga nota rebatendo reportagem publicada pelo Estado

PUBLICIDADE

Por Jamil Chade
Atualização:

Em nota à imprensa, a CBF negou qualquer irregularidade nos contratos feitos pela entidade e chama as insinuações de "maliciosas". Para a entidade, a reportagem do Estado "levanta infundadas suspeitas de irregularidades no tocante ao contrato que a CBF celebrou com a empresa ISE, que integra o Grupo Dallah All Baraka". A entidade também "ressalta a lisura dessa contratação" e classifica o material como "hipótese ridícula" e "infantil."

PUBLICIDADE

Segundo a nota, a CBF garante que o "contrato não é secreto", ainda que jamais o tenha publicado. Mas num dos artigos do contrato obtido pelo Estado, fica claro que os termos são "confidenciais" e que as partes se comprometem a não divulgá-los.

Sobre a convocação de jogadores, a CBF garante que a ISE em "nenhum momento tem influência sobre convocações de atletas e, tampouco, traz prejuízo técnico para a seleção". "A CBF afirma que os critérios de escolha dos convocados para os jogos da Seleção Brasileira são e serão, sempre, técnicos. Jogarão e jogaram, sempre, os melhores jogadores em atividade", disse. Segundo a CBF, "o jornalista mentiu ao afirmar que as escolhas são feitas por critérios comerciais."

Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, busca apoio dos clubes de futebol Foto: Fábio Motta/Estadão

Num dos artigos do contrato, porém, fica estabelecido que "qualquer alteração à lista será comunicada por escrito à ISE e confirmada por mútuo acordo. Nesse caso, a CBF fará o possível para substituir com novos jogadores de nível similar, com relação a valor de marketing, habilidades técnicas, reputação.''

A CBF se defende. "No ramo do futebol se um time não se apresenta com a equipe principal o valor do amistoso pode ser reduzido", declarou. "É natural e compreensível que o contrato de um jogo de futebol de uma grande equipe seja definido com base na presença de seus grandes astros. Caso a seleção brasileira viesse a ser representada por jogadores de sua equipe sub-20 ou sub-23, os valores decorrentes poderiam ser inferiores. Importante dizer que esta cláusula tão alardeada jamais foi invocada ou levada a efeito desde o início de vigência do acordo", disse.

Nesse trecho, a CBF omite uma informação que faz parte do próprio contrato. Nele, a ISE deixa claro que não vai aceitar a repetição do que ocorreu quando o Brasil jogou no Gabão, quando Mano Menezes não levou as principais estrelas do País.

Mas a CBF alerta que "isto não significa direcionamento de convocação do jogador A ou B, segundo a esdrúxula interpretação e conclusão do jornalista Jamil Chade". "Trata-se de cláusula meramente de preço e não de ingerência", disse.

Publicidade

A CBF também sai em defesa dos amistosos. "É muito importante dizer que muito além do significado comercial estes jogos têm absoluta importância técnica. Servem para avaliação da equipe, a evolução do conjunto dos jogadores e o conhecimento de adversários internacionais", declarou.

CAYMAN

Em nota, a CBF informa também que "mantém suas contas bancárias sediadas exclusivamente no Brasil". "Se a ISE tem sede nas Ilhas Cayman ou em qualquer outro lugar, este critério para a localização de sua sede é dela e não da CBF", declarou. "A sua existência é legal e protegida por leis internacionais", insiste.

Pelo contrato obtido pelo Estado, a ISE é apenas uma empresa de fachada, com uma caixa postal num paraíso fiscal. Ontem, a CBF se justificou. "A ISE é uma subsidiária do Grupo Dallah Al Baraka, um dos maiores conglomerados do Oriente Médio", declarou.

Dois dias antes da reportagem ser publicada, porém, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, afirmou ao Estado que não mantinha contatos com ninguém da ISE. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.