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Cianorte, o grande desafio corintiano

Por Agencia Estado
Atualização:

Um gol. O Cianorte não quer nada mais que um gol, quarta-feira, no Pacaembu que ficará entupido com pelo menos 30 mil corintianos. Se o time paranaense marcar um, o Corinthians será obrigado a enfiar cinco para mudar de fase na Copa do Brasil. Um desafio entre pobre e o novo-rico do futebol. O pobre tem três gols de vantagem, acumulados no primeiro confronto, dia 9 de março, em Maringá. E o novo-rico entra com a necessidade de vencer por uma diferença de pelo menos quatro. ?Nossa vantagem é muito boa e vamos buscar um gol, o que obrigaria o Corinthians a marcar cinco?, disse Caio Júnior, treinador do surpreendente Cianorte. Este é o fim da história ideal para Caio Júnior. Apoio ele tem de sobra nos pouco mais de 74 mil habitantes de Cianorte, a noroeste do Paraná, e a 510 quilômetros de Curitiba. ?A cidade está mobilizada para o jogo. De Maringá (cidade próxima a Cianorte) deve partir um vôo fretado só de torcedores do nosso time. Sei de ônibus, caravanas de carros que sairão daqui direto para São Paulo?, conta Carlos Fabiano Mazzolla, coordenador de futebol do Cianorte. Tamanha mobilização não deve tomar conta nem de 500 lugares do Pacaembu. Quem ficar na cidade terá à disposição um telão, na praça principal, para acompanhar o ?jogo do ano? pela televisão. ?O centro da cidade vai lotar. Energia positiva ajuda muito?, alerta Mazzolla. Quem ajuda mesmo é Marcos Franzatto, presidente e patrono do Cianorte Futebol Clube. Franzatto é um empresário de confecções, dono da grife ?Morena Rosa?, uma linha que tem representantes em todo o País e cresce de importância no mundo da moda. Aliás, Cianorte é conhecida como a ?Capital do Vestuário? ? tem pelo menos 400 empresas de moda. Franzatto vive da grife, mas gosta mesmo é de futebol. Por isso não tem o menor pudor de ser o principal patrocinador do clube. Do seu bolso, ou melhor, da sua empresa saem pelo menos 50% do orçamento mensal do Cianorte, estimado em R$ 60 mil. ?O presidente banca boa parte das despesas do clube. Temos mais quatro patrocinadores, empresários da cidade?, revela o coordenador Mazzolla, que comenta sobre outra fonte de renda: os ?Amigos do Leão? ? o símbolo do clube é um leão. Trata-se de uma organização de sócios torcedores do Cianorte. Quem explica é o presidente Franzatto: ? Os ?Amigos do Leão? já têm 200 sócios. A meta é alcançar 500 e arrecadar R$ 50 mil que, praticamente, dobrariam nossa condição financeira. Aí, sim, teríamos condições de montar um time forte.? Cada sócio torcedor desembolsa R$ 50,00 por mês ao clube e recebe em troca um ingresso para os jogos no estádio da casa, o Albino Turbay ? capacidade para 7 mil pessoas ? e uma camisa dos ?Amigos do Leão?. Seja do presidente ou da torcida, o dinheiro que entra no clube é contado, e bem contado. Banca os salários de 27 jogadores e comissão técnica. O teto salarial bate nos R$ 3 mil. O atacante Márcio Machado, autor do gol de bicicleta na vitória (3 a 0) contra o Corinthians, é o que mais fatura: R$ 4 mil por mês. Bem menos que Tevez, o argentino de US$ 22,6 milhões, que recebe R$ 486 mil a cada 30 dias. ?Conto com o Márcio para marcar pelo menos um gol?, avisa o técnico Caio Júnior. É tudo o que ele quer: um gol.

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