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Clubes amargam prejuízo; Tricolor é exceção

Por Agencia Estado
Atualização:

Os balanços financeiros dos clubes se futebol de São Paulo mostram claramente que há uma crise de modelo de gestão nos chamados clubes grandes e não problemas particulares. O Corinthians apresentou déficit de R$ 10,4 milhões no ano passado. Mas o problema não ficou restrito ao clube do Parque São Jorge. O Palmeiras, que disputou a Série B do Campeonato Brasileiro, perdeu R$ 15,253 milhões, e o Santos, que chegou ao vice-campeonato da Libertadores e também foi segundo colocado no Brasileirão, registrou prejuízo de R$ 13,785 milhões. Apenas o São Paulo pôde se orgulhar de apresentar um balanço no azul ao final do ano, mas a receita foi inflada pela venda de Kaká ao Milan. A transferência milionária do meia-atacante foi responsável pela subida de 20,3% nas receitas do clube, para R$ 92,7 milhões no ano passado. Na divisão das receitas, a específica de negociação de atestados liberatórios de jogadores saltou de R$ 29,4 milhões em 2002 para R$ 40,3 milhões em 2003. Mas o tricolor também aumentou a verba recebida de direito de transmissão de TV, de R$ 14,4 milhões para R$ 15,6 milhões, e a de publicidade e patrocínio, de R$ 7,5 milhões para R$ 10,7 milhões. O contrato mais importante, com a LG Eletronics, foi renovado até o final de 2005 e a empresa pagará ao clube R$ 16 milhões em 24 parcelas mensais. Em 2003, só o São Paulo teve lucro, graças a Kaká. Uma curiosidade é que a arrecadação de bilheteria com os jogos caiu 17,3%, para R$ 6,3 milhões. Provavelmente porque o clube disputou apenas uma final no ano passado, a do Paulistão, contra o Corinthians, e fez uma campanha apenas razoável durante no Brasileiro, tendo se recuperado nas últimas rodadas. Em 2002, é bom lembrar, o time chegou à final do Rio-SP, às semifinais da Copa do Brasil, ganhou o supercampeonato paulista contra o Ituano e terminou a fase de classificação do Campeonato Brasileiro na ponta, caindo apenas na fase eliminatória, contra o Santos. Além de elevar a receita, o São Paulo domou seus gastos. A despesa do clube, sem contar impostos e juros bancários, praticamente se manteve em R$ 80 milhões. As despesas do futebol profissional e de base caíram de R$ 54,1 milhões para R$ 48,9 milhões, com um bom recuo na folha de pagamento. No final das contas, o São Paulo conseguiu sair de um prejuízo de R$ 22,8 milhões em 2002 para um superávit de R$ 7,1 milhões no ano passado. CORITINHIANS - O balanço esportivo do Corinthians no ano passado era conhecido: o título paulista, a eliminação nas oitavas-de-final na Copa Libertadores e a 15ª posição no Campeonato Brasileiro. Mas balanço financeiro de 2003 do clube dá a dimensão do descompasso entre receita e despesa que ele tem enfrentado. O déficit até caiu (-20,77%) na comparação com 2002, mas não dá para comemorar muito uma conta negativa de R$ 10,4 milhões. No ano retrasado, o prejuízo alcançara R$ 13,2 milhões. As contas do Corinthians mostram sua força de mídia. A receita bruta com os direitos de transmissão de futebol pela TV chegou a R$ 18,2 milhões, ao que se somam R$ 12,7 milhões de patrocínio e publicidade e R$ 1,9 milhão de licenciamento e franquias. Mas a receita esportiva em si não foi das mais agradáveis, com apenas R$ 444 mil oriundos de empréstimos de jogadores e uma arrecadação de R$ 5,4 milhões nas bilheterias dos estádios. O valor obtido com ingressos foi até menor que o contabilizado em 2002 (R$ 5,7 milhões), provavelmente motivado pela fraca campanha no segundo semestre do ano. No total, as receitas do futebol no Corinthians somaram R$ 54 milhões. A comparação com os números totais de 2002 fica prejudicada porque o clube retirou dos dados do ano retrasado os números da já desfeita parceria com a Corinthians Licenciamentos. A receita do clube social e dos esportes amadores, que inclui mensalidades dos sócios e exploração comercial, subiu 16%, para R$ 8,942 milhões. A debandada de jogadores em pleno Campeonato Brasileiro trouxe ao clube uma receita de apenas R$ 1,035 milhão no ano passado, fruto de negociação de atestados liberatórios. Em 2002, esse valor foi maior, de R$ 5,9 milhões. Os problemas do clube começam a aparecer mesmo é na análise das despesas operacionais. O gasto com pessoal praticamente dobrou entre 2002 e 2003, de R$ 13,3 milhões para R$ 26,2 milhões. O departamento de futebol consumiu R$ 12,5 milhões no ano passado, ante R$ 8,8 milhões gastos um ano antes. Outro dado preocupante é o crescimento das despesas financeiras, de R$ 1,9 milhão para R$ 5,2 milhões. Entre os empréstimos que o Corinthians listou no balanço estão R$ 6,809 milhões com bancos e R$ 3,157 milhões com a Federação Paulista de Futebol. Como novidade, o Corinthians optou no balanço por dividir seus em "segmento de negócio". Nessa conta, o futebol profissional teve superávit operacional antes das despesas financeiras, de R$ 4,684 milhões, fruto do redimensionamento da folha de pagamento do time. O futebol amador, por outro lado, perdeu R$ 5,627 milhões, e o clube social somado aos demais esportes amadores amargou um déficit de R$ 5,309 milhões. SANTOS - O Santos, valorizado pelo título nacional de 2002, elevou sua receita operacional em 31,8%, para R$ 32,778 milhões. Com Robinho e Diego como atrativos, a receita de jogos mais do que dobrou R$ 4,9 milhões para R$ 11,7 milhões. O foco internacional do clube se mostrou acertado: a receita de bilheteria com a Libertadores trouxe R$ 7,5 milhões aos cofres do clube, ante R$ 2,8 milhões do longo Brasileirão e parcos R$ 429 mil do Campeonato Paulista. As receita de publicidade e transmissão de jogos da equipe passou de R$ 13,3 milhões para R4 17,1 milhões. Mas as despesas para manter clube e time de futebol , ou seja, apenas as relacionadas ao departamento de esportes, também deram um salto, de 32%, chegando a R$ 31,5 milhões. Somando isso a outras despesas operacionais, como impostos e gastos financeiros , o Santos fechou o ano no vermelho (R$ 13,7 milhões). Praticamente no mesmo patamar do ano anterior. Ao contrário de outros clubes, o Santos opta por lançar o valor dos passes dos jogadores no resultado final do ano, embora a figura jurídica do passe tenha desaparecido do futebol. O clube calcula esse valor pela cláusula penal de rescisão de contratos dos atletas. Assim soma ao déficit operacional uma "receita de capital" de R$ 56,5 milhões. No balanço final, o clube informa um superávit de R$ 42,9 milhões. PALMEIRAS - Dos três clubes grandes que já divulgaram os balanços, o do Palmeiras é o que mostra o maior déficit no ano passado, de R$ 15,2 milhões. O prejuízo seguiu o caminho do time na série B e, ao final de 2003, também subiu, exatos 30,1%. O clube mostrou ligeira alta em suas receitas operacionais, de R$ 45,1 milhões para R$ 49,2 milhões, e queda nas despesas, de R$ 61,3 milhões para R$ 57,2 milhões. Por conta da adesão ao Refis - programa de renegociação de débitos fiscais do governo federal - o Palmeiras lançou no balanço ainda uma despesa extraordinária de R$ 6,9 milhões. Na conta final entrou ainda um resultado financeiro negativo de R$ 1,18 milhão. O departamento de futebol profissional do Palmeiras gerou R$ 38,7 milhões em receitas em 2003, ante R$ 34 milhões em 2002. As verbas de "campeonatos", somaram R$ 18,3 milhões e o patrocínio trouxe R$ 9,1 milhões ao clube. As despesas do departamento, no entanto, somaram R$ 41,7 milhões, sendo R$ 16,9 milhões só com pessoal e R$ 5,3 milhões com direito de imagem. O futebol amador gerou receita de R$ 30,7 mil e despesa de R$ 1,2 milhão. PORTUGUESA - A Associação Portuguesa de Desportos também divulgou seus números de 2003. No ano em que disputou a série B do Brasileirão, a Lusa viu sua receita bruta cair 31,9%, para R$ 8,48 milhões. Mas cortou também seu gasto operacional em 45,5%, para R$ 13,61 mil hões. O resultado foi uma redução do prejuízo em 59%, para R$ 5,129 milhões.

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