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Clubes e Globo admitem Brasileiro de 2019 sem todos os jogos na TV

Por falta de acordo de direitos de transmissão com três clubes, campeonato pode ter buraco de 30% na programação

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Por Ciro Campos
Atualização:

O Campeonato Brasileiro de 2018 se aproxima do fim com um grande impasse sobre a transmissão de partidas na televisão para a edição do próximo ano. Como Atlético-PR, Bahia e Palmeiras ainda não fecharam contratos com a TV Globo para a exibição dos seus jogos de 2019, tanto os clubes quanto a própria emissora já admitem a possibilidade de a competição ser "desfalcada" e não ter todos as 380 partidas transmitidas.

O imbróglio envolve os contratos para exibição de jogos no período de 2019 a 2024 na TV aberta e nos canais pay-per-view (PPV), sistema em que o consumidor pode comprar uma partida avulsa ou o pacote completo do campeonato. No caso da negociação para a TV fechada, os clubes puderam assinar acordos separadamente com a própria Globo, para a exibição no SporTV ou com o Esporte Interativo, canal que anunciou o fim de suas operações no Brasil em agosto.

Sem acordo de transmissão, jogos do Palmeiras podem não ser transmitidos no Brasileiro de 2019 Foto: Felipe Rau/Estadão

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Como a Lei Pelé determina que os direitos de transmissão dos jogos pertencem às duas equipes envolvidas, a situação atual é que 108 dos 380 jogos do Brasileirão/19 (28%) não poderão ser transmitidos nem pelo PPV nem pela TV aberta. 

Atlético-PR, Bahia e Palmeiras estão entre os clubes que haviam assinado contrato para TV fechada com o Esporte Interativo. O trio não aceitou a proposta da Globo para as duas outras plataformas (TV aberta e PPV) por discordarem de uma redução de 5% a 20% no valor. 

A emissora diminuiu a cota oferecida aos três times com base em um cálculo que indicou que, ao assinar com outra empresa de TV fechada, alguns jogos dessas equipes poderiam interferir na audiência da TV aberta e também na compra do PPV.

"É possível considerar o cenário no qual a gente transmita o campeonato parcialmente", disse ao Estado o diretor de direitos esportivos da TV Globo, Fernando Manuel Pinto. Ele explicou estar em busca de diálogo para tentar fechar acordo com mais equipes. "Logicamente, só transmitiremos os jogos sobre os quais tenhamos os direitos, remunerando os clubes sob um acordo que esteja vigente."

Um dos clubes pendentes, o Bahia, já planeja as finanças sem o acordo. O presidente da equipe, Guilherme Bellintani, afirmou que as conversas continuam, porém não é possível estimar se haverá acordo. "Em 2018 vamos ter um faturamento perto de R$ 128 milhões. No ano que vem, sem a Globo, deve cair para R$ 95 milhões. Será uma queda, claro, mas temos de conviver com isso", afirmou. "Se tiver mesmo de acontecer de ficar sem jogos na televisão, vejo como um processo natural", disse. Procurados pelo Estado, Atlético-PR e Palmeiras não quiseram se manifestar.

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Exceto pelo redutor financeiro para quem havia fechado com o Esporte Interativo, a proposta entregue aos três é idêntica à recebida pelo demais clubes. Para TV aberta a divisão é de 40% do valor total repartido entre os times (R$ 600 milhões), 30% por jogos exibidos e mais 30% pela performance. No PPV há uma remuneração de acordo com o time para o qual torce o assinante. Esse detalhe deixou dirigentes descontentes, segundo apurou o Estado. Alguns deles alegam que as partidas dos seus respectivos times atraem também a atenção de torcedores de outras equipes, seja de rivais ou de quem tem interesse específico no resultado de uma partida.

Para o executivo da Globo, o impasse enfrentado é um processo natural. "Se procurarmos no histórico, constataremos que já vivemos situações similares. Refiro-me à preparação para um ciclo seguinte enquanto se define passos como a aquisição de direitos. O Grupo Globo é competente e responsável em tudo o que faz, perante seus parceiros comerciais e público. Isso conta", afirmou Pinto.

A emissora fechou até agora os direitos de transmissão de 32 clubes nas Séries A e B do Brasileiro para o ciclo 2019-2024. O acordo é considerado pela emissora na maior negociação, pela abrangência e pelo tempo de validade. "Respeitamos a posição dos clubes que até o momento não desejaram firmar acordo conosco, exercendo seu legítimo direito de escolha quanto a destinação de seus direitos", comentou.

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