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Clubes estudam formas de eliminar ?bicho?

Por Agencia Estado
Atualização:

Bicho, aquela gratificação que tradicionalmente os clubes de futebol pagam aos profissionais, vai ser um dos principais pontos de discórdia e polêmica entre agremiações e atletas na próxima temporada. Depois da onda de registrar em carteira todo o salário dos jogadores e, assim, eliminar o direito de imagem, alguns dirigentes se mobilizam para simplesmente acabar com o pagamento do tradicional "extra" por vitória (valor integral) ou empate (metade). A briga promete ser intensa. Os cartolas envolvidos, segundo a Agência Estado apurou, consideram a questão como uma das maiores "feridas" a serem abertas. Embora a maioria dos clubes brasileiros ainda seja adepta dessa política de bonificação, a nova realidade do Campeonato Brasileiro os fez repensar a realidade. "Como pagar bicho em toda partida em um campeonato de nove meses e com 46 rodadas. Ninguém agüenta isso", indigna-se um dos dirigentes consultados. E a justificativa para o receio em se posicionar publicamente sobre o assunto é, no mínimo, questionável. Em geral, o cartola tem medo do jogador. A linha de raciocínio que predomina é a de que, se o atleta é contrariado, não vai mais querer jogar no clube e, o que seria pior, sairia falando mal para os colegas sobre como é ruim jogar aqui ou ali. "Para evitar isso, os clubes se submetem a mimar os jogadores. Senão correm o risco do grupo fazer corpo-mole, não vencer e, assim, deixar a torcida irritada. E quando isso acontece, quem sempre paga o pato são os dirigentes ou o treinador." Nas últimas reuniões do Clube dos 13, o assunto veio à tona. A proposta inicial é de que o bicho seja extinto. Em seu lugar, entrariam bonificações por metas. Entre os paulistas, o São Paulo já adota tal prática. No Morumbi, estipulou-se que se o time fosse campeão brasileiro, seus jogadores receberiam o valor correspondente ao número de pontos conquistados na competição multiplicado por 1.000 (70 pontos representariam R$ 70 mil para cada profissional). Pela vaga na Taça Libertadores, o multiplicador passaria a 500. Outra opção é vincular a premiação ao montante arrecadado pelo clube durante a competição. "Por exemplo, se o São Paulo arrecada US$ 1 milhão na Libertadores, destacaria X% para ser dividido entre os jogadores. Essa forma é interessante, pois o clube só pagaria quando recebesse algo." História - Longe se vai o tempo em que os torcedores vascaínos inovaram e começaram a premiar os jogadores com alguns contos de réis por vitórias ou empate. O famoso "bicho" pago aos atletas começou durante a Liga Metropolitana de 1923. Mas hoje, com a grave crise financeira dos clubes cariocas, é privilégio do Flamengo. O bicho surgiu após os torcedores vascaínos decidirem premiar os jogadores por vitória ou empate. Usava-se senha para especificar o valor, inspirada no "jogo do bicho". Por exemplo, um peru corresponde ao grupo dez entre os adeptos do jogo ilegal. Logo, valeria dez mil réis, já um coelho, grupo cinco, cinco mil réis. Há relatos também de que antes de dar dinheiro, os torcedores ofereciam bichos vivos como galos, patos, marrecos, galinhas.

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