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Clubes paulistas voltam ao marasmo

Após a eliminação da Copa dos Campeões, Corinthians e São Paulo somam-se aos inativos Santos e Portuguesa nas férias forçadas.

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Por Agencia Estado
Atualização:

De volta ao marasmo. Depois de passarem mais de 40 dias sem atividade por causa da Copa do Mundo, Corinthians e São Paulo, que, eliminados da Copa dos Campeões, chegaram nesta segunda-feira à capital paulista, se juntam a Santos e Portuguesa nas férias forçadas. Péssimo para os clubes, que têm de fazer malabarismo para conseguir pagar as contas e os salários dos jogadores. E, embora ainda estejam longe da caótica situação dos cariocas, os paulistas começam a se ver dentro de um enorme buraco. O Corinthians, que está se separando da parceira Hicks Muse, não pagou os prêmios que deve aos jogadores pela conquista da Copa do Brasil, no primeiro semestre. A saída precoce da Copa dos Campeões, ainda na primeira fase, vai aumentar ainda mais o prejuízo. Os clubes receberam apenas R$ 200 mil para disputar a competição e gastaram mais com transportes e hospedagem. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) arcou com as despesas para 25 pessoas por agremiação, mas as delegações de São Paulo e Corinthians tinham mais de 30. A idéia de ficar mais um mês apenas em campos de treinamento também não atrai os jogadores, embora muitos reclamem do excesso de jogos durante a temporada. "Sem dúvida que prefiro jogar a só ficar treinando", disse o meia Ricardinho. Amistosos - Quem mais lamentou o tropeço contra o Fluminense, no domingo, foi o técnico Carlos Alberto Parreira, que gostaria de utilizar a competição para treinar o time para o Campeonato Brasileiro. "Agora vamos precisar marcar alguns amistosos durante o período de treinamento", avaliou. Para Parreira, o ideal é que, a partir da semana que vem, o time faça dois jogos por semana. Para o São Paulo, a saída da Copa dos Campeões foi ainda mais desastrosa. Se ficasse com o título, além de faturar o valor necessário para pagar as despesas do mês, pelo menos R$ 2 milhões, o clube garantiria vaga na Libertadores de 2003, competição para a qual o Corinthians já se classificou. O nível da competição não é dos mais fortes e os são-paulinos acreditam que perderam uma chance de ouro. "A saída foi desastrosa, agora vamos ter de trabalhar durante 25 dias pensando no Brasileiro", comentou Carlos Augusto Barros e Silva. O goleiro Rogério Ceni e o meia Kaká, que foram à Ásia para a Copa do Mundo, ganharam pelo menos uma semana de folga. Nesses dias de marasmo, a diretoria aproveita o tempo livre para definir o elenco para o semestre. Maldonado, por exemplo, deve assinar, nos próximos dias, a renovação do contrato. São Paulo e Corinthians ainda disputaram as finais do Torneio-Rio São Paulo e a primeira fase da Copa dos Campeões. Mas Santos e Portuguesa mergulham no ostracismo e vêem a crise financeira crescer a cada dia. As duas equipes completam nesta terça-feira exatos 93 dias sem participar de um jogo oficial. O último compromisso de ambos foi no dia 14 de abril. Apesar de os dirigentes santistas fazerem questão de afirmar que não existe crise no clube, que os salários dos jogadores se encontram em dia, a realidade hoje na Vila Belmiro é bem diferente da de pelo menos dois anos atrás, quando o clube estava investindo alto. A folha salarial chegou a atingir os R$ 2 milhões mensais. Craques como Edmundo, Fred Rincón, Viola, Valdo, Márcio Santos, Aristizábal, entre outros, engordavam a lista de poupudos salários. Situação crítica - A diretoria financeira do Santos se vira como pode para honrar os compromissos do clube, cuja folha de pagamento não ultrapassa os R$ 250 mil. A alternativa encontrada pelos dirigentes para amenizar a situação crítica foi liberar o principal atleta do time, o meia Robert, emprestado ao São Caetano até o próximo dia 31, quando o clube do ABC encerra a sua participação na Taça Libertadores da América. Robert possuía o maior salário do elenco, R$ 120 mil. O presidente Marcelo Teixeira vem criticando freqüentemente o calendário do futebol brasileiro, que, sem sua opinião, é um dos responsáveis pela derrocada dos clubes. Acha que a Copa do Mundo agravou ainda mais a situação, porque os times ficaram inativos e não conseguiram arrecadar dinheiro. "Acho que não só o Santos, mas outros clubes grandes vêm sofrendo o mesmo problema." Uma solução a curto prazo, de acordo com o dirigente, seria a antecipação das cotas de transmissão de tevê para que os times pudessem equilibrar suas contas. Enquanto isso, o clube participa de amistosos no Brasil e no exterior, a fim de cumprir com as despesas mais imediatas, enquanto não estréia no Campeonato Brasileiro. A Portuguesa foi obrigada a fazer uma limpeza no elenco, dispensando 13 atletas. Reestruturou seu Departamento de Futebol, substituindo o técnico Valdir Espinosa por Edu Marangon, economia de pelo menos R$ 60 mil por mês. Estipulou, também, um teto salarial e enquadrou seus jogadores em três níveis diferentes. Os jovens e desconhecidos ficam no bloco intermediário, com vencimentos de no máximo R$ 10 mil. Os atletas considerados medianos ganham R$ 20 mil e os de primeira linha, como Bosco, Marcus Vinícius, Ricardo Oliveira e Arílson, R$ 30 mil. "O importante é cumprirmos com as nossas obrigações, sem loucuras, com os pés no chão", disse o vice-presidente de Futebol, Manuel Gonçalves Pacheco. A total ausência na mídia trouxe, porém, implicações negativas ao clube, que não consegue encontrar um patrocinador para a camisa. (Colaboraram Valéria Zukeran e Zuleide de Barros)

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