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Clubes brasileiros têm estagnação de receitas, diz estudo; Fla e Palmeiras concentram quase 1/3

De acordo com uma pesquisa da consultoria Convocados, montante arrecadado no último ano por equipes da Série A foi de R$ 6,6 bilhões

Foto do author Pedro Ramos
Por Pedro Ramos
Atualização:

Os clubes brasileiros apresentaram uma estagnação de receitas nos últimos três anos, segundo um estudo realizado pela consultoria Convocados, com base na pesquisa anual Sport Track e parceria da XP Investimentos. De acordo com a pesquisa, divulgada nesta segunda-feira durante um evento, em São Paulo, a receita total dos clubes da Série A em 2019 foi de R$ 6,4 bilhões, tendo uma queda de 25% no ano seguinte, ficando em R$ 4,8 bi, e melhorando apenas em 1% em 2021, totalizando R$ 6,6 bi. Flamengo e Palmeiras lideram na arrecadação. 

Segundo o relatório, os números, que foram bastante afetados por causa da pandemia da covid-19, tendem a ser tímidos até 2024. A projeção de receitas pensando na criação da Liga e também na negociação pelos direitos de transmissão são fatores que podem influenciar no crescimento financeiro dos clubes após este período. 

Flamengo e Palmeiras lideram arrecadação dos clubes no futebol brasileiro Foto: Cesar Greco/SEP

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"As receitas de 2021 foram praticamente as mesmas de 2019, quando corrigidas pela inflação, o que mostra que o futebol, mesmo com injeção extraordinária de recursos com direitos de transmissão, estagnou. Claro, com Bilheteria teria sido melhor, mas nadaque justificasse celebrações. As dívidas seguem elevadas, os clubes continuam precisando de alongamentos e mais alongamentos para pagar o passado, e não deixam de fazer novas dívidas”, diz um trecho do estudo, que conta com mais de 150 páginas.

Ainda de acordo com o relatório, novos modelos de gestão, assim como a criação de uma liga de clubes, são essenciais para a profissionalização do futebol brasileiro e, consequentemente, no aumento das receitas. “Estamos perdendo parte importante das nossas receitas com as mudanças no mercado de negociações de atletas. Não é mais uma questão de quando mudar; é uma questão de sobrevivência."

Palmeiras e Flamengo, que nos últimos anos dividem o protagonismo do futebol brasileiro — incluindo uma final de Libertadores —, não vivem situação diferente quando o assunto é dinheiro. Quase 1/3 das receitas estão concentradas entre os dois clubes. Os paulistas arrecadaram R$ 911 milhões no último ano, impulsionado pelas conquistas dentro de campo. Já o rubro-negro carioca, despontando com publicidade e marketing, chegou a R$ 1 bilhão. A título de comparação, o Atlético-MG, terceiro colocado na relação, aparece com quase R$ 400 milhões a menos que o time alviverde. 

"Palmeiras e Flamengo estão jogando outra liga em termos de receita. Eles podem bater num teto de receitas e aí ter que olhar pros outros clubes sabendo da importância da união dos clubes em uma liga", analisa o CEO da Convocados, Rafael Plastina.

"Isso ainda não é prejudicial. Mas por 10 anos seria Real Madrid e Barcelona, mas o futebol brasileiro oscila muito, dado seu componente político", avalia o economista César Graffietti. 

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Flamengo e Palmeiras seguem os campeões de receitas no futebol brasileiro com larga vantagem para os adversários. Foto: Relatório Convocados/XP

As fontes de receita do futebol brasileiro

Os direitos de transmissão continuam sendo a principal fonte de receita dos clubes, representando 53% do total, mas o estudo destaca que os dados de 2021 precisam ser contextualizados já que alguns campeonatos realizados em 2020 só terminaram no ano seguinte, o que influenciou diretamente nos números.

As receitas com negociação de atletas são 18% do todo calculado e chamam atenção. Grafietti alerta que a transferência de jogadores perde força como receita e já foi mais relevante no passado já que os clubes europeus alteraram parte do modelo de contratação de atletas, focando mais em jovens em formação e gastando menos em jogadores prontos. A receita total envolvendo negociações de atletas caiu de 293 milhões de euros em 2019 para 183 milhões de euros, uma queda de 37,5%. O estudo aponta que a depreciação do Real frente ao Euro neste período diminuiu essa redução, de R$ 1,48 bilhão para R$ 1,15 bi.

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