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Patrocinadores exigem fim da Era Blatter no comando da Fifa

Coca, Visa, InBev e McDonald's pedem saída 'imediata' do cartola

Por Jamil Chade e correspondente na Suíça
Atualização:

Os maiores patrocinador da Fifa se unem de forma inédita e exigem que Joseph Blatter deixe a presidência da entidade "imediatamente". A iniciativa das multinacionais que pagam pelo futebol e seus torneios coloca uma pressão considerada por muitos como insustentável sobre o cartola. Blatter, porém, garante que não abandona o cargo.

Em uma declaração emitida nesta sexta-feira, as empresas que patrocinam a Copa do Mundo deixaram claro que estão retirando o apoio ao dirigente, que já é investigado criminalmente. Sem o consentimento das multinacionais que aplicaram US$ 1,4 bilhão apenas na última Copa de 2014, a posição de Blatter é de total fragilidade e não se descarta uma renúncia no fim de semana.

Comediante britânico jogou dinheiro sobre Joseph Blatter em coletiva, em julho Foto: Ennio Leanza/AP - 20/7/2015

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"Pelo bem do jogo, ele (Blatter) deve renunciar imediatamente para que um processo sustentável de reforma seja realizado", pediu a Coca-Cola, que é uma parceira oficial desde 1978 e que, desde a Copa no Brasil, em 1950, tem comprado espaço publicitários em jogos dos Mundiais. "Acreditamos que seria de melhor interesse do jogo que Blatter deixe o cargo imediatamente para que um processo de reforma possa ocorrer com a credibilidade que se necessita", defendeu o McDonald's. 

A Anheuser-Busch InBev, também patrocinadora da Copa, foi outra que lançou ontem o mesmo alerta, indicando que Blatter se transformou em um "obstáculo" para a reforma. "Seria apropriado ao Sr. Blatter que ele deixasse o poder" , indicou. 

A Visa, que passou a fazer parte da Fifa graças à Blatter, também seguiu o mesmo tom. "Nenhuma reforma real pode ser feita sob a atual liderança", alertou a empresa. "Dado o que ocorreu na semana passada, está claro que o melhor para a Fifa seria a saída imediata de Sepp Blatter".

Outros parceiros da Fifa incluem Adidas, Hyundai e Gazprom. Mas, juntas, a empresas que pediram a saída do cartola garantem uma renda de quase US$ 800 milhões à entidade.

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Por meio de seus advogados, Blatter garantiu que não deixará a Fifa. "Blatter respeitosamente discorda da posição (das empresas) e acredita que deixar o cargo agora não serviria nem ao melhor interesse da Fifa e nem das reformas", disseram. "Ele não irá renunciar", garantiram.

Jaimie Fuller, da entidade NewFifaNow, destacou a importância do ato das empresas. "Nunca vimos um patrocinador de uma federação tomar uma ação tão drástica", disse .  Com um presidente sob investigação criminal, com o secretário-geral, Jerome Valcke, afastado, com um novo escândalo envolvendo o favorito para as eleições de fevereiro, Michel Platini, a entidade hoje não tem um governo. Em menos de seis meses, a entidade deixou de fechar contratos de patrocínio avaliados em mais de US$ 200 milhões para a Copa de 2018, enquanto outras marcas abandonam o barco.

Para as empresas, chegou o momento de dar um basta. Em junho, o Estado revelou que foi a pressão dos patrocinadores que levou Blatter a anunciar que deixaria o poder e que convocaria eleições para fevereiro de 2016.

Mas a última onda de processos criminais e sinais de Blatter de que ele poderia até mesmo desfazer a ideia da eleição deixaram as empresas em estado de alerta. O Estado apurou que, nos últimos dias, os executivos das multinacionais se reuniram e decidiram dar um sinal claro ao dirigente de que não vão mais aturar sua gestão. 

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"A cada dia que passa, a imagem e reputação da Fifa continua a ser afetada", disse a Coca-Cola. "A Fifa precisa de uma reforma urgente e total e que apenas poderá ser realizada de uma forma verdadeiramente independente". Para a Coca-Cola, a Fifa precisa criar uma comissão independente que possa realizar a mudança e reconquistar a confiança do mundo do esporte. 

Uma das principais parceiras de Joseph Blatter durante os últimos 30 anos - a Adidas - também admite que chegou o momento de a Fifa passar por uma "limpeza". A multinacional alemã foi uma das primeiras patrocinadoras da entidade e, em acordos com João Havelange, fechou um dos contratos mais lucrativos da história do futebol. 

Agora, porém, a empresa insiste que a Fifa terá de mudar. Em entrevista ao Estado e outro meio de comunicação brasileiro, um dos principais executivos da Adidas,Roland Auschel, deixou claro que a multinacional vai exigir reformas. 

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"Deixamos claro que acreditamos que os mesmos princÍpios que temos de usar para as multinacionais tem de ser usado por nossos parceiros", disse o executivo, responsável pelas vendas globais da empresa. "Todos temos de operar com padrões e isso precisa ser adotado por todos. Estamos incentivando a Fifa a continuar seu processo de limpeza e suas investigações"., disse. 

"Mas todos precisam seguir os mesmos princípios, que é o da transparência. Vivemos em um mundo conectado e valores tem papel central em entidades como a nossa ou na Fifa", disse Auschel. 

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