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Código já causa polêmica entre dirigentes

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Por Agencia Estado
Atualização:

As mudanças na legislação esportiva, com a aprovação do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), mal foram conhecidas e já causam indignação, além de deixar alguns dirigentes confusos ou irritados. Vários os itens do documento são contestados. Marcos Paquetá, técnico campeão mundial pelas seleções brasileiras sub-17 e sub-20, defende seus companheiros de profissão. "A área técnica foi um avanço para os treinadores poderem falar com os jogadores. Mas tem de haver organização, caso contrário, vira bagunça", afirmou. "Mas impedir o técnico de ficar nas dependências dos estádios quando estiver suspenso só vai dificultar a comunicação. Posso pegar o celular e telefonar. Achei uma mudança muito rigorosa", ponderou. Joel Santana, atualmente sem clube, concorda com Paquetá. "É muito rigor, já somos tão sacrificados. No Brasil, os técnicos não conseguem se conter porque sabem que em poucos jogos podem ser demitidos", analisou. "Na Europa, é diferente, pois assina por três anos e cumpre o contrato. Tem tranqüilidade. Aqui não", afirmou. "Já fui expulso porque pus o pé fora da área técnica. Achei a medida agressiva com os treinadores." A bronca do superintendente de Futebol do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, é mais contundente. "Nenhum legislador é dono da verdade, ele pode agir erradamente ao punir alguém", reclamou. "Fazer é fácil, ridículo é executar. Só a prática dirá se há ou não bom senso nas mudanças. Acredito que não será possível de realizar de 30 a 40% dos itens." Marco Aurélio não acha justo o jogador ficar parado o mesmo tempo de algum colega que tenha contundido por falta mais dura. "Um absurdo absoluto. Se o contundido tiver problemas em uma anestesia?", questiona. "É culpa de quem fez a falta? Se ele voltou a jogar antes do tempo, se pisou antes da hora?" Outro ponto de discórdia do dirigente é o fato de o atleta pego no doping - mais precisamente por uso de maconha ou cocaína -, ser obrigado a cumprir suspensão de 6 meses. "Ninguém usa estas drogas para melhorar o rendimento", observou. "Ao jogar o atleta às traças, não vai ajudar em nada", insistiu. "Só trabalhando a pessoa se livra do vício. O certo é o jogador continuar em atividade, mas realizando controle antidoping sempre e pagando pelos exames." Hélio Ferraz, presidente do Flamengo também pede revisão de alguns pontos. "Acho que há artigos que podem ser reavaliados. Os clubes passam por dificuldades financeiras e temos multas muito altas. É preciso ver a realidade dos clubes", ponderou. "A intenção é boa e só o tempo vai mostrar o que está certo e o que está errado." Em nome do futebol - Hamilton Bernard, representante de muitos atletas do País, entre eles, o atacante Ricardo Oliveira, atualmente no Valencia, e o zagueiro Anderson, do Corinthians, achou boas as mudanças. "Tudo feito para diminuir a violência e melhorar o espetáculo é válido", ressaltou. O empresário aguarda cópia do documento para reunir-se com seus atletas e alertá-los, de preferência antes do início do Paulista. "Pedirei a meus zagueiros que tomem cuidado ao fazer faltas", disse. "Mas até hoje nenhum deles cometeu infrações graves, que machucassem um companheiro, por isso estou tranqüilo." Sua preocupação está no item que obriga o atleta a ficar fora dos campos enquanto um companheiro, incapacitado de atuar por sua causa, ficar parado. Antonio Roque Citadini, vice-presidente de Futebol do Corinthians, não quis comentar as mudanças. Prefere estudar os itens para depois se pronunciar. "É difícil opinar. Tenho dificuldade de falar sobre texto que não conheço bem," disse.

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