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Coincidências com time de 98 aumentam confiança da França no bicampeonato

Mesmo questionamentos ao goleiro e ao centroavante da equipe são relembrados como sinais

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Por Gabriel Melloni
Atualização:

Em busca de seu segundo título da Copa do Mundo, a França se apega a coincidências com a geração campeã em 1998 para se tornar ainda mais confiante na conquista. Alguns fatores ligam a equipe de Mbappé àquela liderada por Zinedine Zidane, que há 20 anos surpreendeu o mundo do futebol e fez a festa em casa, após atropelar o favorito Brasil na final com uma vitória por 3 a 0.

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A começar por um personagem sinônimo de liderança tanto para a geração de 98 quanto para a atual. Se há duas décadas Didier Deschamps comandava seus companheiros dentro de campo, com a braçadeira de capitão, desta vez controla seus comandados do banco de reservas e tenta se tornar o segundo técnico campeão do mundo com a França, repetindo o feito de Aimé Jacquet.

Didier Deschamps comemora ao lado de Bernard Diomede, Lilian Thuram e Thierry Henry o título na Copa de 1998. Hoje, Deschamps é técnico da seleção francesa Foto: Daniel Garcia / AFP

Deschamps também pode ser apenas o terceiro na história a conquistar a Copa como jogador e técnico. Se a França vencer a final de domingo, em Moscou, o ex-volante se igualará ao brasileiro Zagallo, campeão em 1958 e 1962 como meia e em 1970 como treinador, e Franz Beckenbauer, vencedor em 1974 como zagueiro e em 1990 já na nova função.

Mas se o trabalho de Deschamps conquistou a torcida e até a exigente imprensa local, antes do Mundial o clima era de desconfiança, assim como em 1998. Naquela ocasião, a dúvida era relação à qualidade da equipe, que ficara de fora do Mundial dos Estados Unidos, em 1994. Havia quem apostasse que os franceses não tinham os requisitos suficientes para fazer uma campanha digna da organização daquele torneio.

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Antes da Copa na Rússia, e até no início do torneio, porém, os questionamentos giravam justamente em torno do trabalho de Deschamps. Afinal, a qualidade de nomes como Mbappé, Griezmann e Pogba já era inegável, mas a seleção apresentava um estilo exageradamente pragmático e tinha dificuldades de convencer.

Duas posições, em especial, criavam dúvidas tanto em 1998 quanto em 2018. No gol, Barthez dava calafrios na torcida francesa há 20 anos, após uma temporada oscilante no Monaco, mas correspondeu no Mundial e foi decisivo em alguns momentos. Lloris tem uma carreira bem mais estável, mas foi muito questionado às vésperas da Copa por algumas falhas pelo Tottenham e pela seleção, antes de se reabilitar e fechar o gol no torneio.

Do outro lado do campo, Aimé Jacquet tinha muitas dificuldades para encontrar o companheiro de Djorkaeff no ataque francês em 1998 e apostou em Guivarc'h na maior parte da competição, conquistando o título apesar das fracas atuações do então jogador do Auxerre. Vinte anos mais tarde, Giroud enfrenta as mesmas críticas, chegou a ser barrado da equipe, mas segue titular, mesmo sem nenhum gol marcado na Rússia.

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Dois valores franceses chegaram a ser titulares e ameaçaram Guivarc'h em 1998, mas só viveriam o auge anos depois: Trezeguet e Thierry Henry. Se a juventude estava presente naquela seleção, é a alma da atual, que tem em Mbappé, de apenas 19 anos, seu pilar.

Na Rússia, aliás, Mbappé se tornou o francês mais jovem a marcar um gol na história das Copas, com 19 anos e 183 dias, ao garantir a vitória por 1 a 0 sobre o Peru. Ele superou justamente Trezeguet, que tinha 20 anos e 246 dias quando marcou no triunfo por 3 a 0 sobre a Arábia Saudita.

Mbappé é o camisa 10, principal jogador e soube crescer no momento decisivo da campanha francesa, nos duelos de mata-mata contra Argentina, Uruguai e Bélgica. Dono da 10 em 1998, Zidane viveu trajetória parecida e apareceu quando o país mais precisava, ao marcar duas vezes na decisão contra o Brasil. Naquele ano, foi eleito o melhor do mundo. Mbappé pode não alcançar tal feito desta vez, mas se levar a França ao título, dificilmente não ostentará o prêmio de melhor da Copa.

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