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Com torcedores nos estádios, jogadores voltam a encarar insultos, pressão e até perseguição

Luiz Adriano brigou com organizada do Palmeiras, torcedores do Santa Cruz perseguiram atletas em campo e jogadores foram recebidos com cuspe em Bragança Paulista

Foto do author Ricardo Magatti
Por Ricardo Magatti
Atualização:

O retorno da torcida aos estádios tem sido benéfico financeiramente para os clubes e também esportivamente, com o apoio fundamental vindo das arquibancadas. No entanto, com os torcedores, também voltaram as críticas, xingamentos e ameaças direcionadas aos jogadores em campo. Luiz Adriano sabe disso como poucos. A Mancha Alviverde, principal organizada do Palmeiras, não quis cantar o nome do atacante no primeiro jogo do time com portões abertos e exigiu retratação do jogador depois que ele mandou a torcida se calar após marcar o primeiro gol da equipe no triunfo sobre o Sport por 2 a 1, pelo Brasileirão.

Luiz Adriano vinha sofrendo muitas críticas pela ausência de gols no Palmeiras e também por seu comportamento em campo. Parte da torcida entende que ele não se esforça o suficiente. Diante do Sport, o atacante desencantou, e preferiu trocar a comemoração por um protesto para responder aos críticos com o gesto do dedo na boca em direção às arquibancadas. A atitude só piorou a sua situação e fez com que a organizada exigisse dele uma retratação. 

Luiz Adriano mandou a torcida se calar e provocou a ira de organizada do Palmeiras Foto: Alex Silva/Estadão

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"Quem ele pensa que é? Estamos nos aproximando do dia de uma grande final no Uruguai (contra o Flamengo, na Libertadores) e tal atitude desse jogador só traz estresse sem necessidade. Exigimos uma retratação do jogador para com seus torcedores que pagam o seu salário", cobrou a Mancha Alviverde em comunicado. "Esperamos que a diretoria do Palmeiras dê uma punição ao mesmo. Luiz Adriano, presta atenção, muito respeito com a torcida do Verdão", completou a torcida. O camisa 10 recusou a se retratar. Antes, o atacante já havia discutido com um torcedor no primeiro duelo com torcida no Allianz Parque, contra o Red Bull Bragantino.

Luiz Adriano é um caso de atleta criticado pela torcida de seu próprio time. Também voltaram os episódios em que jogadores sofrem pressão de torcedores da equipe rival. Atletas do Flamengo sentiram isso na pele recentemente. Em Bragança, fãs do Bragantino cuspiram nos jogadores reservas da equipe carioca durante a partida entre os dois clubes. O jogo, que terminou 1 a 1, teve de ser paralisado no fim do primeiro tempo. Depois, o policiamento próximo ao banco dos suplentes do time rubro-negro foi reforçado.

Em Curitiba, Diego Alves foi insultado por torcedores do Athletico-PR que estavam atrás do gol da Arena da Baixada durante a partida de ida da semifinal da Copa do Brasil. Assim que o juiz Luiz Flavio de Oliveira marcou pênalti em Rodrigo Caio nos acréscimos do segundo tempo, o goleiro se dirigiu aos paranaense, revoltados, a fim de tentar justificar a marcação do lance polêmico. 

O desenrolar da cena foi curioso porque um dos atleticanos mais exaltados caiu de cabeça ao se apoiar na mureta que separa a arquibancada e o gramado. O rapaz levantou e continuou xingando Diego Alves, que ignorou os insultos e ofereceu uma garrafa para um outro espectador. O torcedor acabou sendo levado pelos seguranças para outro lugar do estádio.

A psicóloga esportiva Nara Alciane, que trabalha com o elenco profissional do Fortaleza entende que cada atleta encara a pressão à sua maneira. "A forma de cada jogador lidar com isso é muito particular. Sabemos que o futebol é um esporte que envolve uma pressão gigantesca por resultados e esta pressão muitas vezes representada pela torcida é o combustível necessário para o êxito nas competições", opina.

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O episódio mais grave envolvendo jogadores e torcedores ocorreu em Pernambuco. Torcedores do Santa Cruz invadiram o gramado da Arena Pernambuco e correram atrás dos atletas depois da eliminação da fase preliminar da Copa do Nordeste no último fim de semana. O time foi derrotado nos pênaltis pelo Floresta após empate por 3 a 3 no tempo normal. Assim que o jogo acabou, parte da torcida deixou as arquibancadas e começou a perseguir alguns jogadores quando eles estavam descendo ao vestiário. A porta de vidro que dá acesso ao local foi depredada.

Policiais militares demoraram a agir e os seguranças tiveram dificuldade para conter o conflito. Além disso, Ana Duarte, uma das conselheiras do Santa Cruz, chegou a ser agredida no estacionamento do estádio. Dois torcedores foram detidos.