PUBLICIDADE

Publicidade

Comissão de ética cita apenas 'conduta inapropriada' e pede suspensão de Caboclo por 15 meses

Confirmação do afastamento ainda precisará ser referendada pela Assembleia Geral, composta pelos presidentes das 27 federações estaduais

Foto do author Marcio Dolzan
Por Marcio Dolzan
Atualização:

A Comissão de Ética da Confederação Brasileira de Futebol pediu punição de 15 meses de afastamento para o presidente da entidade, Rogério Caboclo, acusado por uma funcionária de ter praticado assédios moral e sexual. Diferentemente do teor da denúncia, a comissão considerou que o cartola apresentou apenas "conduta inapropriada". Agora, o parecer será apreciado pelos presidentes das 27 federações estaduais em Assembleia Geral, que poderá acatá-lo ou não.

A acusação contra Rogério Caboclo foi protocolada em junho, e desde então ele está afastado do cargo. Caso o pedido de suspensão por 15 meses seja aceito pela Assembleia, a punição terá caráter retroativo e irá considerar os três meses de afastamento já cumpridos. Nesse caso, Caboclo poderá retomar o cargo em setembro do próximo ano - ou seja, antes da Copa do Mundo do Catar, que será realizada nos meses de novembro e dezembro.

Rogério Caboclo está afastado da presidência da CBF desde junho Foto: Lucas Figueiredo/CBF

PUBLICIDADE

Nem mesmo um retorno imediato do dirigente ao comando do futebol brasileiro, contudo, está descartado. Isso porque, para ser aplicada, a suspensão precisará contar com a aprovação de 3/4 dos integrantes da Assembleia Geral - ou seja, o cartola precisa de sete votos contrários. E Caboclo considera já ter 11.

De qualquer forma, a decisão da Comissão de Ética tem como resultado imediato a manutenção do coronel Antônio Carlos Nunes como presidente. Ele é o mais velho dos oito vices, mas poderá repassar a presidência para algum dos demais.

Ainda que a suspensão por 15 meses seja uma derrota para Rogério Caboclo, ela se apresenta como menos catastrófica do que se desenhava para o dirigente, que corria o risco de ser banido em definitivo. Nos bastidores, já havia intensa articulação para destituir o cartola do cargo e eleger um novo presidente para um mandato tampão. Ao mesmo tempo, contudo, a suspensão tira de Rogério Caboclo a chance de concorrer a um novo mandato. Isso porque tradicionalmente a eleição para presidente é realizada um ano antes do término do mandato - ou seja, em abril -, quando o cartola afastado ainda estará cumprindo suspensão. Isto, claro, na hipótese de a Assembleia Geral ratificar a suspensão

Em nota, Rogério Caboclo disse ter recebido "com tranquilidade" a decisão da Comissão de Ética. "A rejeição da acusação de assédio é correta e era esperada, uma vez que nunca cometi esse ato e minha defesa comprovou minha inocência", diz o texto. Caboclo, porém, afirmou que seu afastamento por mais 12 meses "é injusto e ilegal" e que irá recorrer. "Trata-se de mais um capítulo da armação do ex-presidente Marco Polo Del Nero, banido do futebol por corrupção, para me tirar da CBF e reassumir o controle da entidade por meio de seus aliados." 

Assembleia

Publicidade

A reunião de dirigentes que definiria a questão estava marcada para acontecer na tarde desta quarta-feira, mas foi suspensa por decisão de um dos árbitros do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA) horas antes de se conhecer a decisão da Comissão de Ética. O CBMA é um órgão privado que atua na resolução de litígios.

A suspensão do encontro atendeu a pedido da defesa de Caboclo, que considerou que a Assembleia Geral não poderia ter sido convocada antes que os 27 presidentes de federações soubessem do parecer da Comissão de Ética.

Na quinta-feira passada, a CBF publicou edital em seu site convocando a reunião para esta quarta-feira. O primeiro item da ordem do dia informava que o encontro teria por objetivo "conhecer da decisão e confirmar ou não sanções eventualmente aplicadas pela Comissão de Ética do Futebol Brasileiro". A defesa de Caboclo alegou que a reunião de dirigentes não poderia ter sido convocada antes de se conhecer o resultado, argumento que foi aceito pelo CBMA. Assim, uma nova convocação será feita, provavelmente para a semana que vem.

A Assembleia acontecerá a portas fechadas, mas os votos dos 27 presidentes deverá ser feito de forma oral.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.