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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Como devemos olhar para Leila Pereira, primeira mulher a presidir o Palmeiras?

Empresária dona da Crefisa terá três anos para deixar o seu legado no clube, até o fim de 2024

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Atualização:

Uma pergunta se segue ao empoderamento de Leila Pereira no Palmeiras, clube agora comandado pela primeira vez em sua história por uma presidenta. A dona da Crefisa foi eleita sábado para o cargo mais alto da instituição, será empossada dia 15 de dezembro e ficará no comando de uma das principais associações do futebol brasileiro e sul-americano até o fim de 2024. Mas como todos nós devemos olhar para Leila?

A resposta deveria ser simples, mas ainda não é. Um dia será. Estamos falando de uma mulher no comando de um dos segmentos mais machistas do Brasil, o futebol. Sua escolha, após votação, mesmo que candidata única, é um avanço para a sociedade, abre portas para quem vem atrás e amolece pensamentos duros, antiquados e retrógrados.

Leila Pereira venceu o pleito palmeirense neste sábado com 88,6% dos votos entre os sócios do clubes social Foto: Fabio Menotti/ SE Palmeiras

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Ela construiu seu caminho pelo dinheiro, mas não somente por isso. Como patrocinadora do Palmeiras desde 2015, investiu pesado (perto de R$ 1 bilhão), divulgou suas empresas, se aproximou dos grupos dentro do clube e costurou sua candidatura tijolo por tijolo. Usou das vias legais e abertas para se lançar. Dobrou rivais e uniu desafetos. Portanto, Leila deve ser encara como uma pessoa destemida, paciente e boa gerenciadora.

No comando, não podemos olhá-la como sendo uma mulher. Isso tanto faz. Leila é a presidente. A comunidade palmeirense deve avaliar suas decisões, projetos e passos sempre de olho nos resultados para o associado, torcida e futebol.

Ela sabe que não poderá trabalhar apenas para uma dessas partes. Já está no clube tempo suficiente para entender que há muitos interesses no Palmeiras e terá de responder por todos eles. Quem nada, por exemplo, quer uma piscina mais adequada. O sócio almeja ser representado e ter seus familiares felizes dentro do clube. No futebol, o carro-chefe, ela já disse em palavras jogadas ao léu que o Palmeiras vai sempre ser forte. O que isso significa, o torcedor vai descobrir ao longo dos três anos de mandato. O dinheiro ajuda e o Palmeiras tem mais três temporadas de acordo com a Crefisa, firmados antes da eleição. Mas não pode ser somente isso.

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É preciso olhar para Leila como uma pessoa que se propõe a trabalhar pelo Palmeiras, em todos os seus setores. Deixar o seu legado. Não sei se o futebol brasileiro está nesse estágio. Mas terá de aprender com ela.

Leila, como a Diniz, quebra barreiras. Outros clubes já tiveram presidentes mulheres, como o Flamengo, em 2010/12, com Patrícia Amorim. Então, é preciso olhar para Leila sem conceitos e preconceitos. E nada além disso.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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