Um grupo de 33 conselheiros do Palmeiras enviou nesta quinta-feira um novo pedido ao presidente do Conselho Deliberativo do clube, Seraphim del Grande, para explicar a situação no clube do ex-presidente da CBF, Marco Polo del Nero. A mobilização começou depois de reportagem do Estado revelar que há o risco da Fifa punir a equipe alviverde com o rebaixamento caso mantenha o dirigente como conselheiro. A correspondência também foi enviada ao presidente do clube, Mauricio Galiotte.
O manifesto dos conselheiros cobra providências para que o Palmeiras afaste Del Nero e evite o risco de problemas com possíveis punições. Em abril do ano passado, logo depois da Fifa anunciar o banimento do dirigente, o clube teve mobilização parecida, com a entrega do mesmo pedido para o presidente do Conselho Deliberativo, Seraphim del Grande.
Em contato com a reportagem, Del Grande explicou que apesar da mobilização, a postura do Palmeiras será de aguardar os recursos de Del Nero sobre a sua punição. "O clube não foi comunicado em momento algum nem pela CBF nem pela Fifa sobre esse caso. O caminho normal é a CBF receber um comunicado pela Fifa e nos avisar, mas isso até agora não aconteceu", explicou.
O Estado teve acesso ao requerimento elaborado pelos conselheiros. No texto, eles pedem esclarecimentos ao presidente do Conselho Deliberativo sobre a situação de Del Nero e os possíveis riscos da presença dele no órgão. Para o grupo, mesmo que o dirigente esteja sob licença, essa condição pode ser revogada a qualquer momento e acarretar em riscos para o clube.
Por decisão do Comitê de Ética da Fifa, Del Nero foi impedido em 27 de abril do ano passado a exercer qualquer função no futebol até o fim da vida. Por sua atuação na CBF, ele foi considerado culpado das acusações de suborno e corrupção, conflito de interesse e desvio de conduta e ainda levou uma multa em 1 milhão de francos suíços (R$ 3,5 milhões na cotação atual). Del Nero diz ser inocente e recorreu da decisão.
Com a punição aplicada pela Fifa, Del Nero pediu licença do Conselho Deliberativo. "Estou desligado desde que recebi a punição da Fifa. Nunca mais compareci às reuniões. Ainda que o Palmeiras não seja só futebol, tenha outras atividades, eu pedi afastamento", disse o dirigente no Rio ao jornal O Globo.
Advogados consultados pelo Estado, no entanto, acreditam que a licença temporária não é suficiente porque a Fifa determinou aplicação imediata e o banimento está em vigor. A CBF, por exemplo, acatou a decisão da Fifa no mesmo dia do anúncio da punição a Del Nero e emitiu comunicado no qual confirmou o então vice-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima como presidente da entidade.