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Contra a Sérvia, Neymar foi o Neymar que o Brasil queria

O craque da seleção deixou de lado o individualismo e as polêmicas e assumiu seu protagonismo na partida desta quarta-feira

Foto do author Almir Leite
Foto do author Marcio Dolzan
Por Almir Leite , Marcio Dolzan , enviados especiais e Moscou
Atualização:

Neymar fez nesta quarta-feira, 27, diante da Sérvia, sua melhor partida na Copa do Mundo da Rússia. O principal jogador da seleção brasileira deixou de lado o individualismo bobo para jogar pela equipe. Atuando a maior parte do tempo aberto pelo lado esquerdo do campo, ele fez boa parceria com Philippe Coutinho, teve apoio de Filipe Luís, deixou companheiros de ataque na cara do gol e cobrou o escanteio na cabeça de Thiago Silva no lance que culminou com o segundo gol da seleção. Foi quase o Neymar que se espera dentro de campo.

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Desde que a Copa do Mundo começou, o atacante vinha sendo protagonista mais pelas polêmicas do que pela bola que vinha jogando. Do excesso de individualismo da estreia com a Suíça ao pênalti cancelado na partida com Costa Rica por uma queda espalhafatosa, o jogador parecia mais dedicado a mostrar ao mundo seu próprio desempenho do que o da seleção.

Mudança. Neymar domina a bola contra a Sérvia Foto: Eduardo Nicolau/Estadão

Nesta quarta, o camisa 10 da seleção foi diferente. Começou jogando bem aberto pela esquerda, buscando jogadas junto à linha lateral e procurando quase sempre ser vertical. Quando não conseguia, tinha em Philippe Coutinho um ótimo parceiro para tabelar. Dentro da área adversária, nas vezes em que teve espaço, chutou a gol. Nas que não teve, buscou opções até o limite aceitável.

Coincidência ou não, Neymar também pareceu ter dado ouvido aos que o acusaram de ser “cai-cai”, crítica vinda sobretudo da mídia estrangeira. Contra a Sérvia, o craque voltou a ser o mais visado pelos marcadores, mas em vez de cavar as faltas procurou seguir as jogadas. Foi assim no primeiro tempo, foi assim no segundo.

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APLAUDIDO

 O empenho do atacante dentro de campo foi reconhecido pela torcida brasileira, que mais uma vez foi maioria no estádio. Pela primeira vez nesta Copa do Mundo, Neymar teve seu nome gritado pela torcida - foi no segundo tempo, momentos antes de fazer a cobrança de escanteio que resultaria no segundo gol do Brasil.

O reconhecimento da torcida também deu ao craque a liberdade de querer ser o maestro das arquibancadas. Em mais de um momento, Neymar levantou os dois braços em relação à torcida brasileira pedindo por mais apoio e barulho. Foi atendido. O craque, enfim, caíra no gosto do torcedor.

A boa atuação, contudo, não foi suficiente para que o jogador se dispusesse a dar entrevistas na saída do estádio. Após a partida, Neymar mais uma vez passou pelos jornalistas sem dar declarações - nem mesmo um “não vou falar hoje” ele se dispôs a falar. Optou, como na semana passada, por se manifestar apenas pelas redes sociais.

“Primeiro objetivo conquistado. Parabéns, rapaziada. Vamos, Brasil”, escreveu o atacante. O próximo objetivo será na segunda-feira, em Samara, contra o México. 

CONFIRMAÇÃO

O bom rendimento de Neymar na partida contra a Sérvia acabou confirmando a previsão feita pela comissão técnica da seleção brasileira. Desde que o jogador voltou a atuar, no segundo tempo do amistoso contra a Croácia em Liverpool, que o Brasil venceu por 2 a 0 com ele fazendo o primeiro gol, Tite tem dito que ele demoraria até cinco partidas para conseguir retomar o melhor ritmo.

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Neymar foi bem nos 45 minutos daquele jogo disputado em 3 de julho, teve desempenho aceitável uma semana depois nos 3 a 0 sobre a Áustria, também em amistoso, mas, nas duas primeiras partidas da Copa, seu desempenho caiu. Ele acabou criticado, pelo individualismo que se mostrou infrutífero e também pelo destempero que demonstrou na partida contra a Costa Rica, quando chegou a levar um cartão amarelo por reclamar acintosamente com o juiz.

Tite, em sua fiel defesa de Neymar, não quis dizer nesta quarta se tomou a iniciativa de pedir ao atacante que jogasse de maneira coletiva e, principalmente, que se controlasse. “Por uma questão de ética, eu não externo o que falo para meus jogadores”, disse o treinador. No entanto, ao ser questionado sobre a melhora de produção do atleta, preferiu listar vários jogadores que, num momento ou outro da seleção sob seu comando, foram protagonistas.