Publicidade

Copa América do Brasil: primeira escala olímpica do futebol japonês

Torneio Sul-Americano marcou o início da preparação da seleção asiática para os Jogos de Tóquio; objetivo foi dar experiência aos jovens atletas

PUBLICIDADE

Foto do author Almir Leite
Por Almir Leite
Atualização:

A Olimpíada de Tóquio começou na Copa América para a seleção japonesa masculina de futebol. Com o objetivo de formar uma equipe capaz de lutar por medalha nos Jogos que irá sediar no ano que vem, de preferência a de ouro, a federação do país e o técnico Hajime Moriyasu decidiram aproveitar o torneio sul-americano para dar experiência e aprendizado aos jogadores. Por isso, o grupo do Japão que se despediu da competição no empate por 1 a 1 com o Equador, no Mineirão, tinha 18 dos 23 jogadores em idade olímpica. E vários deles estão começando a defender agora a seleção principal.

"A Copa América tem um nível muito parecido com o da Copa do Mundo. Os jogadores, que ainda têm experiência limitada, tiveram boa oportunidade de aprender aqui (no Brasil). A ideia é que tenham um espírito desafiador para que a experiência sirva como base para uma ascensão maior", disse Moriyasu, de 50 anos, técnico da equipe olímpica do Japão desde 2017 e que no ano passado assumiu também a seleção principal.

Seleção japonesa tinha maioria dos jogadores com idade olímpica. Foto: Nilton Fukuda/ Estadão

PUBLICIDADE

Dos 18 jogadores com idade olímpica (até 23 anos completados em 2020) que ele convocou, apenas um, o volante Tomiyasu, de 20 anos, tinha alguma experiência com a seleção principal antes do início da preparação para a Copa América. O meia Kubo, 18 anos e grande revelação do futebol japonês, estreou em recente amistoso contra El Salvador. A média de idade da equipe, 22,3 anos, era a mais baixa da Copa América. 

No entanto, até algum tempo atrás Moriyasu relutava em fazer o torneio de laboratório. Sua ideia inicial era trazer um elenco "cascudo", que pudesse fazer boa campanha. Vários fatores o fizeram mudar o foco.

Para começar, os próprios dirigentes japoneses sempre viram com bons olhos o desenvolvimento da garotada olímpica. Outro fator que conspirou favoravelmente foi a negativa de clubes europeus em liberar seus atletas nipônicos para participar da Copa América, apesar de o futebol no Velho Continente estar em recesso. Como o Japão participou como convidado, não havia esta obrigação. Além disso, muitos já haviam sido liberados no início do ano para a disputa da Copa da Ásia - o Japão foi vice ao perder a decisão para o Catar.

Porém, a renovação radical e a pouca "rodagem" internacional da garotada, apesar de 9 dos 23 que vieram ao Brasil terem contratos com clubes da Europa, cobrou seu preço. Na estreia contra o Chile, por exemplo, o time japonês até conseguiu jogar de igual para igual nos 30 primeiro minutos, mas depois foi amplamente dominado e perdeu por 4 a 0. 

FOCO

Publicidade

A derrota chateou, mas não abateu os japoneses, que procuram olhar adiante. O goleiro Osako, de 19 anos, refletiu a mentalidade adotada pelos asiáticos para a disputa do torneio. "O Japão tentou o máximo possível e quase marcou um ou dois gols. Tivemos grande chance disso. Se tivéssemos marcado, o jogo mudaria. Então, quando se vê o resultado como o 4 a 0 para o Chile, a impressão é que não fomos competitivos. Mas, na minha análise, o Japão fez um bom trabalho e mostrou estar no caminho certo para o próximo ano", disse ao Estado.

O próximo ano, ou seja, a Olimpíada de Tóquio, é o que de fato interessa. "A experiência de jogar na Copa América é muito importante para saber o nível em que o Japão está", acrescenta Osako. "Estamos caminhando passo a passo. É muito importante a Copa América para nós. A gente jogou contra times muito bons, com bons jogadores, e isso vai servir para nos ajudar na preparação para os Jogos Olímpicos", enfatiza o meio-campista Teruki Hara, de 20 anos.

O técnico Moriyasu não veio ao Brasil pensando alto, mas nem por isso deixa de exigir que seus jogadores persigam bons resultados. Por isso, na partida contra o Uruguai escalou um time mais experiente, com alguns veteranos. O time jogou bem e só não foi além do empate por 2 a 2 final por causa de equívocos de arbitragem. Outro ponto foi ganho na despedida de segunda-feira contra o Equador.

"Não pode ser só um aprendizado. Quero que eles busquem sempre a vitória e uma vaga na seleção principal. Sou o técnico do time olímpico e, dentro desse conceito, temos de buscar a vitória e correr atrás para que esses jovens tenham experiência. Precisamos ter sempre o mesmo espírito que se tem numa Copa do Mundo."

Além do grupo que esteve na Copa América, o Japão tem outra "ninhada" de jogadores jovens, da qual deverão sair alguns para os Jogos de Tóquio. Fizeram parte da equipe vice-campeã no Torneio de Toulon. Perdeu a taça, nos pênaltis, para o Brasil.

O Japão tem apenas uma medalha olímpica no futebol masculino. É o bronze conquistado nos Jogos de 1968, na Cidade do México, com vitória sobre os anfitriões na disputa do terceiro lugar. Em Londres/2012, os japoneses chegaram perto, mas saíram da Inglaterra com gosto bem amargo, pois perderam o bronze para a arquirrival Coreia do Sul.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.