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Copa do Brasil: surpresa vem de Mossoró

Por Agencia Estado
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Quando a tabela da Copa do Brasil foi divulgada, poucos torcedores sabiam dizer de onde era o Baraúnas, representante do Rio Grande do Norte no torneio. E quase ninguém arriscaria que a equipe de Mossoró passaria da primeira fase. No entanto, o Leão do Oeste é a surpresa do ano: eliminou os favoritos América-MG, Vitória e Vasco e, empolgado, lutará por vaga na semifinal, provavelmente contra o Cruzeiro - bateu o Santa Cruz por 4 a 0, no jogo de ida, em Belo Horizonte. "Vai dar Baraúnas", diz o torcedor Décio Pereira da Costa. "O Flamengo está ruim pra caramba e o Cruzeiro não ganhou deles", raciocina, sobre a estréia dos mineiros no Campeonato Brasileiro. Até agora, os torcedores - que convivem pacificamente com os rivais locais do Potiguar, campeão estadual de 2004 - têm razão para estar confiantes. Em seis jogos, o Baraúnas só perdeu um e nas três fases classificou-se fora de casa. "Gostamos de pegar os grandes. Eles jogam e nos deixam jogar", diz Ademílson Teodósio, "Baraúnas desde criancinha." Mas a fase nem sempre foi tão animadora. Atolado em dívidas, o clube se licenciou em 2002 e 2003. Só voltou ano passado graças ao apoio da Prefeitura e de uma empresa de São Paulo, que prefere o anonimato. Conquistou o título da Copa RN e a vaga na Copa do Brasil. "Formei um elenco compatível com nossas condições financeiras e investi na infra-estrutura", conta o presidente João Dehon da Rocha. Com a Toca do Leão, o clube ganhou um lugar para treinar e apoiar as categorias de base. O elenco, que recebe em média R$ 1,5 mil, tem jogadores experientes, como o atacante Cícero Ramalho, de 40 anos, e o goleiro Isaías - sondado por clubes portugueses - e revelações, casos do meia Álvaro - pretendido pelo Vasco - e do atacante Jackson, "a arma secreta". "Algumas posições são carentes, mas a equipe tem qualidade", analisa o técnico Miluir Macedo, que trabalhou em Camarões e Hong Kong. "Não tenho medo de nenhum rival e passo isso para os jogadores." Projeção - A cidade tem lucrado com o Baraúnas. Segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, Mossoró tem mais de 200 mil habitantes, quatro universidades, vida cultural intensa e economia ascendente, caracterizada pela produção de sal, frutas e extração de petróleo. Foi pioneira na abolição da escravatura, em 1883, e a primeira da América Latina a registrar um voto feminino, em 1928. Para o jogo contra o Vasco, foram vendidos dezenas de pacotes turísticos para o Rio. As camisas do time não param nas lojas e as encomendas de outros Estados chegam a toda hora. "O Felipe, goleiro do Vitória, disse que não sabia onde ficava Mossoró. Depois que perdeu do Baraúnas (o Vitória não perdia no Barradão há mais de dois anos), nunca mais vai esquecer", brinca o torcedor Márcio Costa. Mais importante do que o sucesso repentino, a boa campanha na Copa do Brasil deve garantir ao clube os recursos necessários para montar um bom elenco no segundo semestre e se classificar para a Série C do Brasileiro em 2006. Dehon jura que não vai parar por aí. E arrisca uma profecia. "Se chegarmos à Série B, você vai ter de voltar aqui", desafiou a reportagem da Agência Estado. Alguém duvida da força do Leão?

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