Copa do Mundo ainda não agita o comércio nas ruas do Rio de Janeiro

Lojistas relatam movimento ainda tímido, mas têm esperança de que situação melhore com a chegada do Mundial

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Por Roberta Pennafort/RIO
Atualização:

A apenas doze dias da abertura da Copa do Mundo da Rússia, a venda de produtos relacionados ao torneio ainda está começando a engrenar no comércio do Rio. A crise econômica e a conjuntura política desanimaram o consumidor de enfeitar a casa e comprar camisetas e cornetas, acreditam os comerciantes. Agora, nesta contagem regressiva, eles esperam um crescimento no movimento da ordem de 30%.

As lojas da Saara, no centro, o maior polo de lojas populares da cidade, ainda escoam artigos que encalharam na Copa de 2014. À época, os estoques foram caprichados, porque a expectativa era de que o consumo aumentaria, porque a competição era no Brasil. No entanto, o baixo-astral com a política, no rastro das manifestações de 2013, e os escândalos de corrupção (a Operação Lava Jato foi deflagrada em março de 2014) e o 7 a 1 na semifinal contra a Alemanha esfriaram os ânimos.

A consumidora Anelise Bueno, de 42 anos, compra produtos com tema da Copa na Saara, no Rio. Foto: Roberta Pennafort/Estadão

“Tradicionalmente, em toda Copa as vendas começam quando falta um mês para começar. Vinha subindo, mas na última semana a greve dos caminhoneiros atrapalhou. Agora vai crescer”, disse o presidente do Polo Saara, Eduardo Blumberg. 

A região tem 900 lojas, das quais um quinto vende itens para a Copa. São camisetas, chapéus, cornetas, bolas, bandeiras do Brasil de tamanhos variados, perucas, cachecóis, adereços de cabelo.

Há consumidores que só se empolgam depois da primeira partida do Brasil, de acordo com os lojistas. Neste caso, comerciantes estimam que o amistoso deste domingo contra a Croácia já valha como um “esquenta”. Outros preveem que isso só acontecerá com a estreia do time de Tite, no dia 17, contra a Suíça – e, assim mesmo, em caso de vitória. 

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“O desempenho dos jogadores impacta muito. Quando o Brasil vai para a final, é como se a Copa estivesse recomeçando para o comércio”, contou Blumberg, dono da loja de malhas Dimona. Ela oferece doze modelos de blusas nas cores nacionais, entre camisetas de malha a R$ 13,90, polos a R$ 34,90 e infantis a R$ 9,90. As opções ganharam a frente da loja em abril.

Junho já é um mês quente para o comércio popular, por conta do Dia dos Namorados e das festas juninas. No entanto, parte dos vendedores está achando o movimento abaixo do esperado. 

“Nunca vi um pré-Copa tão desanimado, não só nas lojas, mas na cidade. Você não vê uma rua pintada”, analisa Andreia Oliveira, há 14 anos trabalhando na Saara. “Depois do 7 a 1 e de tudo o que aconteceu no Brasil, ninguém está vibrando. A seleção mudou, mas o País é o mesmo”. 

O estoquista Sergio Lima percebeu melhora nas vendas na última quarta-feira, após a normalização da cidade pós-greve dos caminhoneiros. “O comércio tem que torcer para o Brasil ir bem na Copa, assim vamos superar as perdas”, avalia.

Segundo vendedores, o item que mais está saindo é a bandeirinha de plástico decorativa, vendida em pacotes de seis metros por R$ 6,99. Foi o que a comerciante Anelise Bueno, de 42 anos, levou para decorar sua casa. “Estou tentando entrar no clima, porque meu filho, de 3 anos, é louco por futebol. A crise deixa as pessoas cabisbaixas”, ela disse. 

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No Mercadão de Madureira, na zona norte, que concentra 500 lojas populares, é grande a esperança de que a Copa vá redimir a crise no comércio, na esteira da recessão econômica.

“Acredito que teremos aumento das vendas de 40%”, calcula o presidente da associação de comerciantes, Pedro Silva. “Por aqui só se vê verde e amarelo e lojas lotadas. O brasileiro deixa para a última hora também quando se trata da Copa”.

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