
22 de março de 2016 | 07h00
Os conflitos em série entre torcedores do Corinthians e a Polícia Militar (PM) nas partidas disputadas no Itaquerão fizeram a direção do clube exigir uma reunião com o comando do policiamento dos jogos na capital. A última briga aconteceu no sábado, após partida contra o Linense, pelo Campeonato Paulista.O Estado apurou que haverá um encontro hoje entre o comando da PM e dirigentes do Corinthians para tratar dos casos de confronto entre policiais e torcedores organizados.
A sequência de conflitos neste ano coincide com a atitude da principal torcida organizada do clube, a Gaviões da Fiel, de levar ao estádio faixas de protesto. Os principais alvos são a TV Globo, a Federação Paulista, a CBF, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o deputado Fernando Capez (PSDB), conselheiro do clube, o promotor do Juizado Especial Criminal da capital, Paulo Castilho, e a diretoria do clube, pedindo transparência nas contas do Itaquerão.
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Houve confronto nos dois últimos jogos em Itaquera, quando também ocorreram os protestos. As brigas ocorreram após as partidas. A PM nega que o confronto de sábado tenha tido relação com os protestos. Segundo a PM, o conflito começou após um cerco de torcedores a três policiais. Foi quando chegou reforço policial e a confusão se alastrou pelo estacionamento do estádio, envolvendo torcedores comuns. Evitar que as faixas entrem no estádio é o objetivo da PM, segundo apurou o Estado. “A PM tem certeza que a faixa não entra pelo portão”, disse um policial do Batalhão de Choque, insinuando conivência do clube com os torcedores. O Corinthians não se manifestou.
A organizada criticou a ação “desproporcional” dos policiais. “Os Gaviões da Fiel vêm a público lamentar que, em tempos de democracia, o motivo mais aparente para se suspeitar das ações policiais seja justamente a tentativa de uma censura opressiva”, declarou em nota oficial.
Nos primeiros jogos da temporada, a PM chegou a retirar as faixas de protesto de dentro dos estádios. E a Federação Paulista teve de emitir, em fevereiro, nota alegando que não existe um ‘veto’ a manifestações pacíficas. O Estatuto do Torcedor proíbe faixas ou cartazes com mensagens ofensivas, de caráter racista ou xenófobo, mas não menciona conteúdo político, nem veta qualquer outro tipo de protesto.
A briga que aconteceu na quarta-feira passada, após o jogo contra o Cerro Porteño, pela Taça Libertadores, começou quando um policial deteve um torcedor que retirava uma faixa na arquibancada. Houve corre-corre e tumulto no setor Norte do Itaquerão.
A CPI das torcidas organizadas já discute o caso e quer investigar as brigas envolvendo corintianos e PM. O próximo jogo do Corinthians em casa será neste sábado, contra o Ituano, pelo Campeonato Paulista.
CRONOLOGIA DA 'CRISE DAS FAIXAS'
11/2 - Corinthians x Capivariano
No intervalo da partida, a polícia é acionada para tentar retirar cartazes de protestos da Gaviões da Fiel na Arena Corinthians. As faixas criticavam a TV Globo e os jogos às 22 horas e exigiam transparência nas contas do estádio. Houve confusão.
14/2 - Corinthians x São Paulo
Mais faixas de protesto no Setor Norte da Arena, onde ficam os Gaviões: “Quem vai punir o ladrão da merenda?”, “CBF e Federação Paulista, vergonha do futebol”. Por causa das faixas, árbitro do jogo pede para que a partida seja paralisada.
16/3 - Corinthians x Cerro Porteño
Organizada continuou exibindo faixas de protesto durante jogo na Arena pela Libertadores. PM não retirou as faixas durante a partida, mas houve confusão e após o jogo.
19/3 - Corinthians x Linense
Mais uma vez houve confronto entre organizadas e polícia após a partida disputada na Arena pelo Campeonato Paulista. Brigaaconteceu no Setor Leste.
O QUE DIZ O ESTATUTO DO TORCEDOR
Artigo 13-A
São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em lei:
IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo;
V - não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos
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