Corinthians investe em gramado do Itaquerão por campo perfeito na Copa

Clube se espelha em dois estádios ingleses para fazer bonito no Mundial de 2014

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Por Vitor Marques
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SÃO PAULO - A grama é da costa oeste dos Estados Unidos, do estado do Oregon. Ao crescer, ela tende a formar folhas finas e de um verde intenso. Por baixo dela, há um reforço de material sintético. Essa poderia ser a estrutura de um dos inúmeros campos norte-americanos de golfe, mas será a base do gramado do Itaquerão, o estádio do Corinthians, que receberá a abertura da Copa do Mundo no ano que vem.

 

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O plantio do gramado foi iniciado no fim de junho. A grama, ainda irregular, já começou a crescer. Em outubro ela estará pronta para receber um jogo de futebol. Mas as obras do estádio só terminarão em dezembro, por isso o primeiro jogo do Itaquerão, um amistoso do Corinthians, está marcado apenas para fevereiro. Essa, pelo menos, é a ideia inicial do clube. Será o primeiro teste do estádio.

 

Na Copa das Confederações, houve problemas com os gramados de alguns estádios. O campo mais criticado foi o do Mané Garrincha, de Brasília (leia mais abaixo). Entretanto, o Corinthians e a empresa responsável pelo gramado do Itaquerão, a World Sports, garantem que o piso estará impecável durante a disputa da Copa do Mundo. E vão ainda mais longe: ele será o "melhor do País".

Ao contrário da maioria dos gramados dos novos estádios brasileiros, o do Itaquerão foi plantado no próprio local. Ele recebeu mudas de uma grama de clima frio, a Rye Grass Perene, da variedade PHD. Na Arena Beira-Rio, em Porto Alegre, a grama também foi semeada no local, assim como ocorreu no Mineirão e no Castelão.

 

Estádios como o Mané Garrincha e o Maracanã receberam placas de grama que foram cultivadas em fazendas. A do Maracanã, por exemplo, saiu de uma fazenda localizada em Saquarema, cidade a cerca de cem quilômetros do Rio de Janeiro.

 

Não é isso, no entanto, o que decide se um campo será bom ou ruim. Um gramado pode receber placas de grama, desde que elas sejam colocadas vários meses antes do início da utilização. No Mané Garrincha, por exemplo, houve atraso.

 

Corinthians e World Sports apostam na antecedência com que se iniciou o plantio (um ano antes da Copa) e em um sistema, segundo eles, inovador de resfriamento, com ar e água gelados, que controlará a temperatura da grama. Dois gramados da Inglaterra, o do Estádio Emirates, do Arsenal, e o de Wembley, foram usados como parâmetro para o Itaquerão.

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"Um gramado custa 1% do valor total da obra de um estádio, mas ele é responsável por 90% da repercussão. O estádio pode estar impecável, novo, mas se o gramado estiver ruim virão as críticas", diz Roberto Gomide, diretor da World Sports, que cuida dos gramados da Arena do Grêmio, do Beira-Rio (que será usado na Copa) e também do "velho" Pacaembu.

 

Cada cidade-sede brasileira recebeu um caderno de recomendações da Fifa e do Comitê Local a respeito dos gramados dos estádios da Copa. O relatório foi feito por uma empresa inglesa especializada no ramo. Por se tratar apenas de um guia, os gestores dos novos estádios não foram obrigados a seguir as instruções à risca.

 

As condições climáticas de cada cidade, como temperatura e umidade, influenciam no gramado e interferem na manutenção a longo prazo. Em São Paulo, o período de chuvas é a maior preocupação. Por isso, o Itaquerão, segundo a World Sports, terá um moderno sistema de drenagem a vácuo, feito por uma máquina que custou R$ 1 milhão e ficará "escondida"em baixo da arquibancada. É um modo de se precaver contra as chuvas. "O investimento diminui a taxa de risco. Quanto custa um jogo paralisado por três horas? Isso é inconcebível numa Copa", alega Gomide.

 

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SISTEMA DE RESFRIAMENTOEssa máquina também terá outra função: ela injetará oxigênio para manter saudável a raiz da grama. Um gramado verde é sinal de "saúde" da planta. Além disso, há uma outra peculiaridade, o sistema de resfriamento do campo. Isso será necessário por causa do tipo de grama escolhido, de inverno. Nos dias quentes, haverá bombeamento de água gelada. Isso será feito por tubos que passarão por baixo do gramado. O mecanismo funciona como uma serpentina de chope - serão 30 mil metros de tubos. A temperatura da grama ficará entre 6ºC e 8ºC.

Com a finalidade de deixar o campo estável e reforçado, haverá uma camada de fibra sintética que funcionará como uma espécie de "concreto", dando sustentação à grama. "Os jogadores estão usando um gramado natural", lembra Gomide.

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