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Corinthians pretende perdoar a dívida de 111 mil sócios para fortalecer parceria com BMG

Torcedores que abrirem conta digital no banco serão anistiados pelo clube

Por João Prata
Atualização:

O Corinthians pretende perdoar a dívida dos seus sócios-torcedores inadimplentes e assim aumentar o número de clientes do banco digital Meu Corinthians BMG. A ideia do diretor de marketing do clube, Caio Campos, foi revelada em entrevista ao Estado. A parceria começou em janeiro prometendo revolucionar os contratos de patrocínios. O número atual de sócio-torcedores endividados com o programa do Corinthians é de cerca de 111 mil, quase o dobro dos sócios que estão em dia com a anuidade, que é de 64.800. Para zerar esse débito os torcedores terão de abrir uma conta no banco que patrocina a camisa da equipe.

O plano faz parte do projeto de integração entre correntistas e sócio-torcedores. A intenção do clube é fazer com que um só cartão de crédito possibilite a movimentação financeira e também sua utilização como ingresso para entrar no estádio. O dirigente informou que em novembro, no máximo em dezembro, os sócios que abrirem contas digitais no BMG não estarão mais em dívida com o Corinthians. As pendências financeiras serão perdoadas.

Torcida do Corinthians em clássico contra o São Paulo, pelo Brasileirão Foto: Sergio Neves/ESTADÃO

"Queremos migrar a base inteira de sócios para o Banco. Queremos que todos os sócios abram a conta corrente. Não vai ser obrigatório, claro. Mas vai ter muitos benefícios para quem fizer isso. Vamos anistiar os inadimplentes que abrirem conta. Vamos zerar o passado de dívida com o projeto e iniciar uma nova parceria", informou Caio Campos.

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Nem o clube nem o BMG revelam o número de correntistas atual. A meta em janeiro, quando a parceria foi anunciada, era ambiciosa. O presidente do Corinthians Andrés Sanchez disse na ocasião que pretendia ter 200 mil contas abertas em um curto período de tempo. E prometeu uma surpresa quando atingisse a marca. Caio admite que o início não foi "o boom esperado", mas acredita que essa nova ação deve impulsionar os números para bater a meta inicial. "Queremos que pelo menos metade dos inadimplentes migrem", disse.

O

Meu Corinthians BMG

funciona como qualquer banco digital. O cliente tem a conta para movimentar e pode ter cartões de débito e crédito. Não há anuidade. A diferença para os demais bancos é que nos próximos meses o cartão oferecerá descontos nos ingressos para os jogos na arena em Itaquera e também nas lojas oficiais do clube. "Vamos oferecer uma série de benefícios que ainda estão sendo definidos", informou.

O Corinthians recebeu R$ 30 milhões do BMG no começo do ano. O valor corresponde a dois anos de patrocínio master e mais R$ 6 milhões em adiantamento referentes a eventuais lucros que a parceria poderá trazer. O contrato tem duração de cinco anos, com possibilidade de renovação por mais cinco.RELAÇÃO COM ANDRÉS Caio Campos é o executivo na função do marketing do Corinthians e foi convidado a retornar ao clube por Luis Paulo Rosenberg, que ocupou a função política do marketing até fevereiro. Com a sua saída, Caio agora se reporta diretamente ao presidente Andrés Sanchez. "Facilitou operacionalmente para o meu time. A gente reporta direto para o presidente. Não consigo passar um dia mais sem falar com ele", afirmou. "Politicamente houve o desgaste, mas seguimos em frente. O Andrés é "sim sim" "não não". Não tem muita discussão. Ele delega. A única diferença é que ele tem milhões de compromissos", prosseguiu. É com o presidente que Caio conversa regularmente sobre os Naming Rights da arena em Itaquera, por exemplo. Depois de tanta expectativa no início da construção, de promessas logo após a inauguração em 2014, para a Copa do Mundo, essas duas palavras em inglês soam quase como brincadeira durante a entrevista com o Estado. Caio e Andrés não aguentam mais responder sobre o assunto. Por isso, evitam dar qualquer informação sobre como anda essa eterna busca.

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O clube esperava ganhar R$ 400 milhões batizando o estádio. O Palmeiras, a nível de comparação, recebeu R$ 300 milhões na época para colocar o nome Allianz Parque.

Caio Campos, diretor de marketing do Corinthians Foto: Alex Silva/ESTADÃO

"A gente não para de trabalhar para tentar. A gente está sempre para negociar e montar planos de negócios. Não paramos de pensar, mas não quero falar nada para não dar falsa esperança. Qualquer coisa que se comenta em relação a isso gera stress." NOVIDADES Caio Campos atualizou também os parceiros da arena. No ano passado, o Corinthians negociava com uma universidade e finalizava as obras para um restaurante no local. A universidade foi encontrada e o campus será no décimo andar do estádio, no lado oposto ao da academia do lutador Anderson Silva, que já funciona desde 2018. "Não vou revelar o nome, porque o contrato não foi assinado. Mas está tudo certo. As obras começam agora em agosto. As aulas, no ano que vem." O restaurante atrasou por problemas no fornecimento de comida. A expectativa inicial era que inaugurasse no Campeonato Paulista. "Nosso parceiro reajustou as previsões para depois da Copa América, mas por questões financeiras não conseguiu. Estamos renegociando para ver quando ficará em pé", disse. A parceria com as outras empresas é semelhante. O clube recebe um aluguel mensal e tem direito a uma porcentagem do lucro. Além dos negócios já citados, o Corinthians tem parceiros em cinco camarotes que já estão funcionando. Muitos projetos nasceram para funcionar fora dos dias de jogos, como o parque de camas elásticas no quarto andar da arena. "Já está pronto. Fizemos a quadra, estamos terminando uma pista de cooper em volta da arena e agora esse parque. O estádio começa a ter vida também fora dos dias de jogos", disse.    Questionado sobre expectativa de faturamento, ele se esquivou. É assunto proibido. "Não vou prometer faturamento. Queremos movimentar fora do dia do jogo. Temos espaço para festa de criança, o bar da Jack Daniels já fez cinco festas universitárias. As coisas estão começando a acontecer. Mas sem números ainda", disse ele em sua sala recém-inaugurada no local pela IBM que mostra seis televisores com gráficos e números que vão das redes sociais, à quantidade de ingressos vendidos para cada jogo.   TECNOLOGIA A sala é fruto da parceria com a IBM, anunciada em dezembro do ano passado, com duração de dez anos. A empresa norte-americana do setor de informática deve investir R$ 12 milhões em infraestrutura para o Corinthians. No primeiro semestre, Caio contou que foram feitas todas as obras da parte estrutural da arena. "Servidores, máquinas novas que estão sendo instaladas. Primeira etapa foi a retaguarda, preparar a infra para novas tecnologias", disse.  O dirigente admitiu que houve problemas no momento de transição da tecnologia do sócio-torcedor. Mudou o sistema, o site, e o torcedor estranhou. "Estamos melhorando com o tempo. Mais para frente vai ter o aplicativo que facilitará ainda mais a vida do torcedor." O estádio já está em fase de testes da biometria nas catracas. Os donos de cadeiras do setor Oeste já podem entrar com a digital. A mudança pode atrapalhar o público no estádio, já que muitos torcedores repassam seu cartão para amigos. "Na teoria isso é proibido. É um problema que estamos tentando solucionar. Mas precisaria mudar a nossa legislação também, porque não posso colocar à disposição um site de revenda, que é algo comum nos Estados Unidos." Questionado sobre o que espera do futuro tecnológico da arena, Caio respondeu. "Daqui a dois anos, espero que o Wi-Fi dê a possibilidade de ter mais interatividade com o torcedor. Espero gerenciamento mais complexo. Dar em tempo real quanto estão vendendo em cada ponto. Espero que a lei da venda de ingresso mude", disse. 

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