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Corinthians quer livrar Jô do Exército

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Por Agencia Estado
Atualização:

A diretoria do Corinthians já acionou todos os seus contatos no Exército Brasileiro para tentar livrar Jô do serviço militar. Por sorte do time, que não pode abrir mão do jogador responsável pelo seu renascimento, o contingente dos que querem servir ? até por motivos econômicos ? é maior dos que aqueles que buscam a dispensa dos quartéis, ao contrário de outros anos. Mas, aos 17 anos, Jô pode alegar também que, além de arrimo do Corinthians, é arrimo de família. Com os seus R$ 5 mil mensais, João Alves de Assis Silva se tornou fundamental no sustento de seus parentes: o pai, taxista, a mãe, empregada doméstica, e as duas irmãs menores. E ao time do Parque São Jorge, que só está em paz por causa dos seus gols. Jornal da Tarde: Como você chegou no Corinthians? Jô: Foi na raça. Passei na peneira no terrão, tinha nove anos. Meu pai me levou. Não conhecia ninguém. Mas fiz quatro gols. No mesmo dia um observador gostou de mim e me mandou fazer um teste à noite no futebol de salão do Corinthians. Passei também. Fiquei jogando futebol e futsal pelo clube. Meu pai adorou e jurou que eu não jogaria a minha carreira fora como ele fez com a dele. JT: Como assim? Jô: Ele chegou a ser ponta-direita dos aspirantes do Corinthians. Só que não levou a carreira a sério. Foi para as noitadas e se perdeu. Ele me acompanha sempre para que isso não se repita comigo. JT: Você quase foi parar no Manchester United? Jô: É verdade. Meu vínculo com o Corinthians estava acabado nos juvenis. Um observador inglês quis me levar, mas a diretoria corintiana tratou de impedir a minha ida para a Inglaterra. Fiquei porque gosto muito daqui. Logo depois assinei o meu contrato, que vai até 2006. Mas o assédio continuou. O Atlético Paranaense quis me levar no início deste ano. Mas o Corinthians não liberou. JT: Como é que você tem estrutura emocional para ser titular do Corinthians aos 17 anos? Jô: É a maior chance da minha vida. Sei o quanto minha família depende de mim. Mas estou fazendo o supletivo do Segundo Grau, no caso de a minha carreira não der certo. JT: Não é estranho você estar marcando enquanto o Gil vive um jejum de seis meses? Jô: Lógico que é. Tanto que ele já pediu para mim e para o Marcelo Ramos que, quando tivermos chance, passarmos a bola para ele marcar. Vamos fazer isso. Atacante que não marca é duro demais. JT: E quanto ao Exército ? Se você for servir no ano que vem teria de se afastar do Corinthians. Jô: Ah, eu sei que tem diretor cuidando disso. Mas não vai dar para eu servir, não. Preciso ganhar dinheiro e dar um descanso para a minha mãe, que não agüenta mais trabalhar como doméstica. Está com uma dor no peito de tanto levantar peso. E o meu pai também. Quero tirá-lo da praça. Ele trabalha demais. Quero dar uma casa melhor para eles e minhas irmãs. Eu vou fazer que puder, me matar em campo. Nossa vida vai mudar.

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