Corintianos se revoltam com adiamento de reconstituição: 'É palhaçada'

Presos afirmam que justiça boliviana é lenta e que não está se empenhando no caso

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Foto do author Raphael Ramos
Por Raphael Ramos
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ORURO - Foi adiada para o próximo dia 17 a reconstituição da morte do garoto Kevin Espada, de 14 anos, que os 12 Fábio Neves Domingos, presidente da Pavilhão Nove, também demonstrou inconformismo. “Somos inocentes! Fomos sequestrados!”, gritava. Ele foi contido por Hugo Nonato, também da organizada. “Não fica falando essas coisas que isso pode prejudicar a gente.”Ao Estado, que visitou os corintianos na penitenciária no domingo, os presos disseram que a reconstituição de ontem seria a oportunidade de eles darem sua versão do crime e esclarecer dúvidas da polícia boliviana para conseguir, ao menos, a prisão domiciliar – uma casa já foi alugada pela Gaviões da Fiel em Cochabamba. Cinco deles, inclusive, alegam que nem estavam dentro do estádio no momento do disparo do sinalizador, aos cinco minutos do primeiro tempo, logo após o gol de Guerrero.Toda a estrutura para a reconstituição foi montada ontem. Algemados em duplas, os 12 corintianos deixaram a penitenciária em dois caminhões abertos e foram encaminhados à sede do Ministério Público, no centro da cidade. Depois, foram levados ao estádio. Lá, esperaram duas horas no setor localizado abaixo da arquibancada onde Kevin morreu até serem informados de que a reconstituição fora adiada.Enquanto aguardavam uma decisão, eles conversavam sobre o procedimento. O Estado ouviu um deles dizer: “É para falar que as nossas mochilas estavam no ônibus.” A polícia de Oruro encontrou com os corintianos uma mochila com sinalizadores com o mesmo número de série do artefato que matou Kevin.Na contramãoAo contrário de seus clientes, Sérgio Marques, advogado brasileiro que também atua na defesa dos corintianos, comemorou o adiamento. Desde o início da tarde, ele tentava evitar a ida dos presos ao estádio por entender que antes disso haveria outras etapas do processo a serem cumpridas.Ele pretende requerer que o menor que prestou depoimento na Vara da Infância e da Juventude de Guarulhos como autor do disparo do sinalizador se apresente à Justiça boliviana. Se o garoto não vier à Bolívia (o que é muito provável que aconteça), Marques vai solicitar que ele preste depoimento na Embaixada da Bolívia no Brasil.

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