Cornetas irritam jogadores e até torcedores na África do Sul

Fifa diz que estuda proibir as tradicionais 'vuvuzelas' na Copa; Robinho afirma que não consegue ouvir Dunga

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Por Rodrigo Durão Coelho
Atualização:

PRETÓRIA - Pouco menos de uma semana dentro da Copa das Confederações, da África do Sul, as tradicionais cornetas sul-africanas, as "vuvuzelas", se tornam cada vez mais controvertidas.

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Nesta quinta-feira, dia em que o Brasil bateu facilmente os EUA por 3 a 0, foi a vez de Robinho, autor do segundo gol brasileiro, reclamar. "De dentro do campo, não consigo escutar as instruções do Dunga", disse ele após o jogo.

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Já o técnico brasileiro preferiu não expressar opinião sobre o controverso assunto. A Fifa afirmou que vai estudar a possibilidade de proibir as cornetas durante a Copa de 2010.

As "vuvuzelas" são uma tradição do futebol sul-africano, especialmente da torcida negra. Desde o início da Copa das Confederações o som altíssomo que elas produzem vem sendo alvo de críticas. Muitos na África do Sul defendem seu uso, alegando ser uma manifestação cultural. Para eles proibi-las descaracterizaria a forma de torcer no país.

DESESPERO

A garota Mariana, recifense vivendo há um ano em Pretória, trouxe sua vuvuzela ao estádio Loftus Versfeld para ver o Brasil. À princípio animada por estar equipada à caráter, a garota de 19 anos logo mudou de opinião sobre o artefato. "É ensurdecedor! Não aguento mais", disse ela, poucos minutos após o início da partida.

Antes do fim do primeiro tempo, já era bastante comum ver vários torcedores, a grande maioria branca, tapando os ouvidos em aparente desespero. "Por favor, não na minha orelha", pedia gentilmente o americano Andrew ao garoto sul-africano sentado na cadeira de trás. "Jesus, as vuvuzelas deveriam ser proibidas", afirmou ele.

FESTA PACÍFICA

A única manifestação de incentivo à violência presenciada pela reportagem da BBC Brasil nesta tarde em Pretoria veio de Chris, quando Robinho recebeu uma falta de um jogador americano após tentar uma sequência de dribles atrevidos.

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"Deveria ter acertado ele mais forte. Onde já se viu ficar dançando na frente do adversário?", esbravejou. O clima pacífico pode ser medido pelo fato de muitas famílias comparecerem ao estádio e não existir separação entre torcidas. O número de homens tambem não parece superior ao de mulheres.

"As meninas aqui gostam mais de futebol do que no Brasil", disse a brasiliense Juliana, 19 anos, há um no país. "Na minha escola todas jogam e conhecem times como Flamengo, Corinthians".

A sul-africana Shantel é uma delas. Vestindo uma camisa do Corinthians, declarou que se encantou com o futebol brasileiro durante uma visita ao país. "Além do futebol ser popular entre as garotas, a Copa traz um sentimento de bem-estar geral no país e todos querem participar, estar nos jogos".

Mesmo assim, os estádios com grandes espaços vazios são uma preocupação da Fifa. O sul-africano J.R. falou que veio ao Loftus Park ver o jogo para "colaborar com a Copa das Confederações".  "Já vi outras partidas e pretendo ver o máximo possível. Não quero que o torneio fracasse por falta de público".

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